Petroleiras e seus recordes de lucros em meio ao clima global de recessão

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Bloomberg

As grandes petroleiras obtiveram um lucro recorde no 2º trimestre, de US$ 60 bilhões, segundo informa a Bloomberg. Como o preço do barril de petróleo caiu um pouco,  no 3º trimestre, o lucro foi modestamente menor.

Estima-se que o resultado do ano seja superior a US$ 150 bilhões, de longe o melhor resultado do século.

Governos de países desenvolvidos estão às voltas com taxas de inflação acima da média, e seus bancos centrais estão elevando as taxas de juros para contê-las. Para ficarem ainda piores na foto, outra matéria da Bloomberg revela que as grandes petroleiras estão usando o dinheiro extra para recomprar suas ações, ao invés de investir. Assim, a tensão entre governos e empresas está crescendo.

O presidente Biden comentou: “Não acredito que tenho que dizer isto, mas distribuir dividendos aos acionistas não é o mesmo que fazer baixar os preços para as famílias americanas”. Ele se referia especificamente à Exxon, que reclamou, segundo uma terceira matéria da Bloomberg, que Biden estaria pegando no pé da corporação. O presidente retrucou, dizendo que as empresas ainda não viram nada. O New York Times, o The Hill e a CNN também destacaram as declarações belicosas entre Biden e Daren Wood, o CEO da Exxon. A mesma matéria da CNN e outra do Wall Street Journal incluíram a Chevron, a outra grande americana, na mesma briga.

O Guardian conta que, olhando o desempenho semelhante da Shell, há um movimento para aumentar a taxação sobre esses lucros enquanto o preço do barril se mantiver nas alturas.

No entanto, o preço nas alturas é tudo o que a OPEC quer. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes declararam apoio à organização e decidiram cortar a produção e segurar o preço. Parece que combinaram com os russos também. Segundo a AP, estariam mostrando, assim, um certo pouco caso para os avisos norte-americanos de que há nuvens de incertezas no horizonte, com economias à beira da recessão e, em relação a alimentos, escassez e aumentos de preços.

Na semana passada, havíamos comentado que o lucro da Petrobras no 3º trimestre foi da ordem de US$ 10 bilhões e que a empresa havia decidido distribuir os dividendos entre os acionistas. E isso já causou um clima na equipe de transição, em montagem no momento.

Sobre o lucro das petroleiras, o Carbon Tracker acaba de lançar um relatório dizendo que a guerra de declarações não reflete o apoio que o setor fóssil recebe desses mesmos governos. É a tradicional atualização dos dados sobre subsídios e outras benesses que as corporações usam para, no final das contas, premiar seus acionistas.

O Carbon Tracker critica, é claro, o baixíssimo investimento na necessária mudança de matriz energética e a meta de se cortar metade do consumo de fósseis até o final da década.

E por falar em apoio oficial, o governo holandês acaba de voltar atrás na promessa de parar de financiar projetos fósseis internacionais. Segundo a Oil Change, a agência de crédito a exportações abriu brechas na sua política que a permite seguir financiando os fósseis por mais um tempo.

Em tempo: A Inside Climate News segue acompanhando movimentos de desinvestimentos em ativos fósseis, parecendo que estão reduzindo as emissões, quando, na verdade, estas simplesmente estão mudando de dono. Empresas de private equity estão comprando ativos de carvão, petróleo e gás, e, sob uma quantidade menor de holofotes, seguem emitindo e produzindo os combustíveis que impedirão o mundo de atingir as metas de Paris.

 

ClimaInfo, 7 de novembro de 2022.

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