Rei morto, Rei posto: Lula ocupa vácuo deixado por Bolsonaro em negociações climáticas

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A 4ª feira (16/11) foi agitada na COP27, em grande parte pela presença do presidente-eleito do Brasil, Lula. Antes do discurso, ele participou de um evento no pavilhão do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, onde recebeu uma carta dos líderes estaduais com demandas e propostas para ação climática na região amazônica. O g1 divulgou a carta na íntegra.

A Amazônia será central para o governo de Lula. Com um bolsonarismo forte nessa região, o futuro presidente terá desafios para engajar os governadores no combate ao desmatamento, uma das prioridades do próximo governo. Até por isso, por sugestão do Consórcio, o presidente-eleito confirmou que pretende colocar o Brasil como candidato à sede da 30a Conferência do Clima da ONU (COP30), programada para o final de 2025, em algum estado amazônico.

“Nós vamos falar com o secretário-geral da ONU [António Guterres] e vamos pedir para que a COP de 2025 seja feita no Brasil e, no Brasil, seja feita na Amazônia. E, na Amazônia, tem dois estados aptos a receber qualquer conferência internacional, que é o estado do Amazonas e o estado do Pará”, disse Lula, citado pelo g1. O Globo também repercutiu a notícia.

Ele também anunciou que entre as primeiras medidas de seu governo está a Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica, que deve reunir Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além do Brasil, para “discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática”. O Estado de Minas destacou o anúncio.

A passagem de Lula por Sharm el-Sheikh deixou evidente que, para o resto do mundo, o debate com o Brasil não passa mais pelo atual governo, mas pelo próximo. g1 e Valor informaram sobre conversas bilaterais que o presidente-eleito realizou nesta 3ª feira (15/11) com os enviados especiais dos EUA e China para o clima, respectivamente John Kerry e Xie Zhenhua.

O Estadão destacou o contraste entre os holofotes apontados para Lula e a pasmaceira do pavilhão oficial do governo brasileiro. Já a BBC mostrou a animação de ativistas climáticos e especialistas com a retomada do protagonismo brasileiro nas discussões e negociações internacionais sobre clima.

Em tempo: Para quem puder, vale muito a pena ler a entrevista feita pelo jornalista Jon Lee Anderson, da New Yorker, com o presidente-eleito Lula. Além de ressaltar a necessidade de uma reforma da governança global como caminho para acelerar a ação climática, Lula também demonstrou suas apreensões pessoais com a expectativa gerada em torno de seu retorno ao poder – e o peso que isso tem para as esperanças do mundo para conter a crise climática.

 

ClimaInfo, 17 de novembro de 2022.

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