Não é por falta de aviso. Mesmo depois de ser acusada, a gigante francesa Carrefour segue comercializando carne bovina produzida em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia brasileira. A conclusão é da Mighty Earth, responsável por uma análise publicada em setembro passado que mostrou as conexões entre a varejista e frigoríficos da JBS que processam gado criado na Terra Indígena Uru-eu-wau-wau, em Rondônia. Na época, a empresa afirmou ter suspendido imediatamente o fornecimento de carne bovina dessas unidades; no entanto, a carne desses frigoríficos continuam sendo vendidas nas lojas da marca Atacadão, no Brasil.
“Voltamos às lojas para constatar se eles tinham realmente parado de comprar [a carne de origem ilegal] e, com surpresa, encontramos 14% de produtos que vinham do estado de Rondônia nas lojas que visitamos. Isso significa que eles não respeitaram os compromissos públicos anunciados”, afirmou Mariana Gameiro, coautora do relatório, citada pela RFI.
Além dos frigoríficos em RO, a análise da Mighty Earth mostrou que o Carrefour segue comercializando produtos derivados de carne de outras plantas da JBS envolvidas em denúncias de crimes ambientais e violação de Direitos Humanos no Pará e no Mato Grosso.
Em resposta, a diretora-executiva de engajamento do Carrefour, Carine Kraus, justificou o deslize por um erro operacional, no qual as duas lojas do Atacadão não receberam a ordem de suspensão de comercialização do produto. “Estamos investigando para resolver o assunto e saber se outras, principalmente as que contam com fornecedores locais, estariam eventualmente na mesma situação”, afirmou.
A AFP também repercutiu essa informação.
ClimaInfo, 28 de novembro de 2022.
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