Carrefour suspende compras de dois frigoríficos da JBS por conexão com desmatamento

Carrefour suspende compras JBS
Mighty Earth

A gigante varejista francesa Carrefour anunciou nesta semana a suspensão de compras de carne bovina de dois frigoríficos pertencentes à JBS na Amazônia, sob a suspeita de que o gado abatido viria de propriedades desmatadas ilegalmente.

A decisão aconteceu logo após um levantamento feito pela Mighty Earth apontar irregularidades nas cadeias de suprimentos das lojas do grupo.

O levantamento pesquisou 102 produtos de carne bovina encontrados em seis lojas do Carrefour no Brasil, incluindo três na cidade de São Paulo, e encontrou 12 provenientes de dois frigoríficos da JBS em Rondônia, nos municípios de Pimenta Bueno e Vilhena, que teriam ligação com desmatamento ilegal na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.

A JBS forneceu cerca de 2/3 dos produtos comercializados nas lojas analisadas, sendo um dos principais parceiros comerciais do Carrefour no mercado brasileiro.

“As conclusões do relatório fornecem evidências materiais dessa ligação entre a JBS, principal fornecedora do Carrefour no Brasil, e o desmatamento. Dada a extrema gravidade desses riscos, o Carrefour deveria estar ciente deles”, criticou Sébastien Mabile, advogado da Mighty Earth. “A divulgação do relatório agora obriga o Carrefour a interromper todas as atividades com esta empresa, pois a vigilância deve ser aplicada a todos os riscos e não apenas a alguns matadouros da JBS”.

O pedido foi atendido em parte pela direção da empresa. Em nota, o Carrefour confirmou a suspensão de toda a comercialização de carne bovina dos frigoríficos assinalados pela investigação. “Tal como acontece com todos os alertas que recebemos, os casos levantados [pelo relatório] exigem uma análise cuidadosa de acordo com o processo de monitoramento do grupo. Tomaremos as medidas apropriadas com base nos resultados”, afirmou um porta-voz do grupo francês. A RFI deu mais informações.

Em tempo: A subsidiária brasileira do grupo Carrefour anunciou na 3a feira (6/9) um plano de combate ao desmatamento que contará com aporte de R$ 50 milhões para financiar ações de preservação dos biomas brasileiros. De acordo com o Estadão, os recursos serão convertidos em um fundo que financiará projetos de auxílio ao reflorestamento. Além disso, a empresa se comprometeu a reduzir os volumes de fornecimento de carne bovina oriundos de “áreas críticas” em 50% até 2026 e 100% até 2030. A Exame também destacou a notícia.

 

ClimaInfo, 9 de setembro de 2022.

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