Cientistas descongelam “vírus zumbis” da Sibéria para estudar efeitos do descongelamento do permafrost

vírus permafrost
bioRxiv

O degelo do permafrost é um dos efeitos mais temidos da crise climática na Terra. Além do potencial de liberar toneladas de metano e outros gases de efeito estufa que hoje estão enterrados no solo congelado do Ártico, seu derretimento também pode representar uma ameaça de saúde humana nas próximas décadas.

Um novo estudo publicado preliminarmente (sem análise por pares) na revista bioRxiv analisou o comportamento de bactérias e vírus presentes no permafrost depois do descongelamento. Esses microrganismos passaram centenas de milhares de anos presos debaixo da terra, “adormecidos”, mas não se sabe claramente de sua capacidade de sobrevivência – e, principalmente, o potencial de eles causarem novas doenças em outros organismos.

“Um quarto do hemisfério norte é sustentado por permafrost. Devido ao aquecimento global, o descongelamento irreversível desse solo está liberando matéria orgânica congelada por até um milhão de anos, a maioria das quais se decompõe em dióxido de carbono e metano, aumentando ainda mais o efeito estufa”, explicou Jean-Marie Alempic, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica e autor principal do estudo.

Os pesquisadores descongelaram 13 patógenos, coletados em sete amostras diferentes de permafrost. Algumas amostras vieram de fezes de mamutes, outras de estômago de lobos siberianos. Em seguida, os vírus foram introduzidos em uma cultura de amebas da espécie Acanthamoeba spp, onde conseguiram se reproduzir, o que demonstrou a capacidade desses organismos agirem mesmo depois de milhares de anos enterrados no gelo. 

Daily Mail, O Globo, New Scientist, UOL e VEJA, entre outros, repercutiram o estudo.

 

ClimaInfo, 29 de novembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.