Metano: problemas na mensuração atrasam planos de mitigação

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AP Photo/David Goldman

O metano é um dos gases de efeito estufa mais potentes que existem, com poder de aquecimento cerca de 80 vezes superior ao dióxido de carbono em um período de 20 anos. Mas, como sua vida útil é relativamente curta (cerca de 10 anos), muitos especialistas defendem que a redução imediata de suas emissões pode produzir uma diminuição no ritmo de aquecimento do planeta. 

No entanto, existe um obstáculo notável que dificulta a adoção de medidas para reduzir a liberação de metano na atmosfera no curto prazo: dificuldades na mensuração dessas emissões. Atualmente, plumas de metano podem ser mensuradas a partir de imagens de satélite, sensores terrestres e aeronaves com câmeras infravermelhas. Mas essas tecnologias permitem apenas identificar o foco de liberação do gás; já o volume é mais difícil de ser efetivamente estabelecido por meio dessas ferramentas.

A Associated Press tratou desse obstáculo e como ele pode prejudicar os esforços dos Estados Unidos para implementar cortes substanciais nas emissões de metano nos próximos anos, que integram seu compromisso de mitigação sob o Acordo de Paris. Além da limitação técnica, o custo dessas ferramentas também é uma dificuldade adicional para identificar plenamente todas as fontes de metano.

Essas limitações acabam tendo reflexos na capacidade das empresas de acompanhar efetivamente sua pegada de metano. Muitas delas acabam usando estimativas médias relativas à liberação do gás em infraestrutura de petróleo e gás natural ou rebanhos, no caso da pecuária, mas esses cálculos podem subestimar o tamanho do problema.Uma mensuração mais apurada, que possa inclusive ser utilizada para responsabilizar empresas pelas emissões de metano relativas aos seus negócios, pode custar mais tempo para se viabilizar. Por isso alguns especialistas defendem que as medidas antimetano aconteçam mesmo que baseadas nessa mensuração imperfeita. Afinal, tempo é uma commodity escassa na luta contra a crise climática.

ClimaInfo, 7 de fevereiro de 2023.

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