BP registra lucro recorde e sinaliza “freio” aos esforços de transição energética

7 de fevereiro de 2023
BP lucros recordes
Kacper Pempel/Reuters

Segue a festa do lucro histórico no Big Oil. Dessa vez, a petroleira britânica BP foi quem anunciou ganhos recordes, com lucro líquido de US$ 28 bilhões no ano passado, superando a marca de 2008, quando a empresa ganhou US$26 bi. Mas o que chamou a atenção – negativamente, aliás – foi o recuo de sua direção quanto aos compromissos climáticos assumidos nos últimos anos.

A direção da BP diminuiu sua projeção de queda da produção de barris de petróleo. Ao invés de 40% de corte até 2030 em relação aos níveis de 2019, a empresa afirmou que pretende cortar apenas 25% desse montante, com uma produção potencial na casa dos 2 milhões de barris diários nos próximos sete anos. Como resultado, a BP também diminuiu a proporção de queda das emissões atreladas aos combustíveis vendidos para o cliente, de 35-40% para 20-30%.

O argumento da BP para revisar sua estratégia climática é que a crise energética provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e a inflação pós-pandemia exige que as empresas do setor mantenham ou aumentem sua produção no curto prazo, de forma a garantir o fornecimento aos mercados. “Precisamos de energia com baixo teor de carbono, mas também precisamos de energia segura e acessível. E é isso que os governos e a sociedade estão pedindo em todo o mundo”, disse Bernard Looney, CEO da BP.

“A BP é mais uma gigante dos combustíveis fósseis extraindo ouro do vasto sofrimento causado pelas crises climática e energética”, criticou Kate Blagojevic, do Greenpeace britânico, citada pelo Guardian. “O que é pior, seus planos ecológicos parecem ter sido fortemente prejudicados pela pressão de investidores e governos para ganhar ainda mais dinheiro sujo com petróleo e gás”.

Os resultados financeiros da BP e o enfraquecimento de suas metas climáticas certamente devem aumentar a pressão política no Reino Unido para que o governo imponha uma taxação específica aos lucros exorbitantes do setor de óleo e gás. A BBC destacou essa pressão e como isso pode reverberar em outros países, especialmente na Europa.

Bloomberg, CNBC, CNN e Reuters também repercutiram essa notícia. 

Em tempo: Na Bloomberg, Javier Blas analisou as projeções da BP para o futuro do mercado global de petróleo. Para ele, o cenário mais ambicioso assinalado, no qual o pico da demanda aconteceria ainda nesta década, “é difícil de conciliar” com as tendências atuais. “Olhando para o futuro, o cenário de net-zero da BP sugere que a demanda precisaria cair mais 9 milhões de barris por dia de 2026 a 2030, caindo para 85 milhões por dia até o final da década. Isso equivale a eliminar o consumo da França a cada ano e, no último ano, eliminar também a Itália”.

ClimaInfo, 8 de fevereiro de 2023.

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