Obstáculos políticos e econômicos colocam fundos ESG no divã nos EUA

fundos ESG
Jeenah Moon/Bloomberg

Não são tempos fáceis para o setor ESG nos EUA. Além das desconfianças de investidores e empresas com a efetividade dos critérios de sustentabilidade atrelados a esses fundos, a oposição política de setores negacionistas está começando a pesar no bolso de grandes gestores de ativos financeiros.

A Bloomberg informou que gestoras como BlackRock, Invesco e Vanguard registraram uma saída de US$ 772 milhões de seus ETF com metas ambientais, sociais e de governança no mês de janeiro; para efeito de comparação, no mesmo período do ano passado, o balanço foi positivo em US$ 953 milhões.

Em termos gerais, a captação de aplicações em 2022 foi de US$ 3 bilhões líquidos nos EUA, uma queda de 96% em relação ao valor registrado no ano anterior (US$ 70 bi). Na BlackRock, o resultado do ano passado foi surpreendente: fluxo líquido zero para seus produtos ESG no mercado financeiro norte-americano.

“No ano passado, houve uma reação enorme e bem coordenada contra esse tópico, que afetou o sentimento dos consultores financeiros e investidores”, explicou Aniket Shah, chefe global de estratégia ESG do Jefferies Financial Group.

A reação foi capitaneada por governos de estados comandados pelo Partido Republicano, onde o negacionismo climático ainda impera. No ano passado, o Texas aprovou uma lei que proíbe fundos de pensão de aplicar em gestoras que discriminam investimentos em empresas do setor de óleo e gás. Nesta semana, o fundo de pensão dos professores daquele estado se desfez de suas aplicações na BlackRock e de outros gestores com regras ESG.

Ao mesmo tempo, como a Axios abordou, começa a emergir uma figura nova no mercado financeiro norte-americano: fundos de investimento anti-ESG. A Strive Asset Management, gerenciada pelo empresário Vivek Ramaswany, tem feito sucesso entre políticos republicanos com sua abordagem “dane-se o meio ambiente, eu quero é lucrar”.

Em tempo: Ainda sobre ESG, a Bloomberg também abordou a irritação de gerentes de investimentos com os referenciais climáticos do mercado europeu para o mercado financeiro. Em tese, esses referenciais sinalizavam um caminho para que determinados investimentos reivindicassem o principal selo ESG da União Europeia, conhecido como Artigo 9. No entanto, isso não aconteceu, com alguns deles ainda sendo rebaixados em sua classificação.

ClimaInfo, 8 de fevereiro de 2023.

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