Garimpeiros enfrentam problemas para deixar Terra Yanomami

garimpeiros em fuga
Lalo de Almeida / Folhapress

Mesmo com a flexibilização do controle do espaço aéreo sobre a Terra Yanomami pela Força Aérea Brasileira (FAB), garimpeiros ainda enfrentam dificuldades para deixar o território indígena. O principal obstáculo está no transporte: os poucos aviões que se aventuram a realizar o trabalho estão cobrando até R$ 15 mil por pessoa, valor cinco vezes superior ao praticado antes da crise.

O g1 mostrou que alguns garimpeiros estão revoltados com esse valor abusivo. Na última 3ª feira (7/2), eles ocuparam a pista do Jeremias, na região de Homoxi, uma das principais rotas do garimpo ilegal, para impedir a circulação de aeronaves. O UOL revelou mensagens compartilhadas entre os garimpeiros no WhatsApp no qual acusam os pilotos de fazerem chantagem.

Os preços inflacionados da fuga aérea acabam forçando boa parte dos garimpeiros dispostos a deixar a Terra Yanomami a recorrer a longas caminhadas na floresta e viagens de barco pelo rio Uraricoera.

Vinicius Sassine e Lalo de Almeida, da Folha, visitaram dois portos clandestinos nesse rio e documentaram a movimentação intensa de garimpeiros. O destino final de quem consegue fugir a pé é a capital de Roraima, Boa Vista.

Enquanto isso, o ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que as Forças Armadas não estão monitorando para onde os garimpeiros fugidos da Terra Yanomami estão se dirigindo. “Não temos esse monitoramento. Primeiro estamos preocupados com a questão humanitária dos índios [sic], as doenças. Tem que levar mantimentos, trazer os doentes e está todo mundo envolvido nisso”, disse Múcio antes de embarcar para uma visita do comando militar a Roraima. A notícia é do Valor.

Em tempo: Vale a pena escutar a edição de ontem do podcast Café da Manhã (Folha), que comentou como a crise humanitária na Terra Yanomami se relaciona com a maneira como as Forças Armadas enxergam a Amazônia. O programa contou com a participação do cientista político João Roberto Martins Filho, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2023.

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