Além das ações no território Yanomami, a Polícia Federal também iniciou na semana passada uma operação contra indivíduos e empresas suspeitas de envolvimento com o garimpo ilegal em Roraima. Um dos alvos foi Vanda Garcia, irmã do governador daquele estado, Antônio Denarium.
De acordo com a PF, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens, em Roraima e Pernambuco, expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em RR. Os investigadores suspeitam que a organização criminosa tenha movimentado R$ 64 milhões em pouco mais de dois anos.
“Os valores seriam oriundos de compra e venda de ouro ilegal e contariam com o uso de empresas de fachadas, que buscariam dar aspecto de legalidade às transações financeiras”, afirmou a PF em nota. “Suspeitos receberiam valores de diversos financiadores pelo Brasil e sacariam ou transfeririam os valores para pessoas e empresas no estado de Roraima, as quais seriam responsáveis pela compra de ouro ilegal”.
Não há detalhes sobre o possível envolvimento de Vanda Garcia no esquema, mas sua residência foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão executados na última 6ª feira (10/2). Já Denarium afirmou, por meio da secretaria de comunicação do estado, que “desconhece o teor da investigação contra sua irmã”. Folha e O Globo repercutiram a notícia.
Ainda sobre o garimpo ilegal em Roraima, o diretor de meio ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire, afirmou à GloboNews que a investigação sobre a exploração ilegal de ouro na Terra Yanomami já chegou aos nomes dos financiadores da atividade.
“Já há uma investigação pretérita que fez essas identificações, e essas pessoas serão identificadas, indiciadas e responderão na medida da sua culpabilidade”, disse Freire. “As pessoas que financiam esse crime, as pessoas que auferem os maiores lucros, obviamente têm uma responsabilidade maior”. O Poder360 também destacou essa fala.
Em tempo: Além do ouro, a cassiterita virou alvo dos garimpeiros que atuam na Terra Yanomami. Um levantamento feito pelo Jornal Nacional (TV Globo) revelou que, entre 2021 e 2022, Roraima exportou 733 toneladas do minério, à despeito do estado não ter qualquer mina autorizada pela Agência Nacional de Mineração – o que sugere que todo esse volume foi fruto de ilegalidade, tendo sido retirado do território indígena.
ClimaInfo, 13 de fevereiro de 2023.
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