Crise Yanomami: dimensão territorial e dificuldades logísticas desafiam ação do IBAMA

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IBAMA divulgação

Rubens Valente, da Agência Pública, acompanhou por um dia o trabalho de fiscais do IBAMA na linha de frente da retirada de garimpeiros do território Yanomami. Mesmo com alguns invasores saindo voluntariamente da reserva, outros insistem em permanecer, o que eleva o risco de enfrentamento armado.

Oito helicópteros agilizam a locomoção dos agentes para pontos mais distantes, mas não são suficientes para cobrir uma operação mais abrangente. O ideal seria ter o apoio dos modelos Black Hawk das Forças Armadas; no entanto, por ora, essas aeronaves estão sendo utilizadas somente para a assistência humanitária aos Yanomami.

“Consideramos a Terra Yanomami uma das mais difíceis para operarmos no país, talvez só comparada à Terra Vale do Javari [no Amazonas]”, disse um dos fiscais. “As distâncias são enormes, a logística complicada. Mas tem uma coisa, se é complicada para nós, também é para os garimpeiros.”

Enquanto os fiscais avançam, os indígenas seguem preocupados com o risco de represálias dos garimpeiros. Guilherme Mazieiro escreveu no site The Intercept Brasil sobre o pedido feito pela URIHI Associação Yanomami ao governo federal por proteção a 60 indígenas da comunidade Naperopi, localizada nas margens do rio Uraricoera. Segundo eles, garimpeiros teriam ameaçado assassiná-los à noite, o que forçou as famílias a se refugiarem dentro da floresta.

Em tempo: O governo federal prepara uma megaoperação contra ilegalidades no Vale do Javari, no Amazonas. De acordo com O Globo, será uma ação conjunta, envolvendo os ministérios da Justiça, Povos Indígenas, Direitos Humanos e Defesa, com apoio da Polícia Federal, IBAMA e FUNAI. Em maio do ano passado, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados por pescadores ilegais que atuam nessa área.

ClimaInfo, 17 de fevereiro de 2023.

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