Um levantamento do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA) e do Global Energy Monitor mostrou que o governo da China aprovou a construção de mais de 106 gigawatts de capacidade de energia a carvão em 2022, potência quatro vezes maior do que a aprovada no ano anterior e a maior desde 2015.
A capacidade de geração de energia térmica a carvão em construção na China no ano passado foi seis vezes maior do que em todo o resto do mundo combinado. O levantamento aponta que 50 GW de capacidade começaram a ser construídos no país asiático em 2022, um aumento de 50% em relação a 2021.
O impulso para a energia termelétrica a carvão na China aconteceu em um ano marcado por blecautes por falta de energia pelo país, motivados principalmente pelo colapso na geração hidrelétrica, comprometida por uma grave crise hídrica. Desde o começo da pandemia, em 2020, as autoridades de Pequim vêm derrubando restrições anteriores ao carvão com o objetivo de garantir sua segurança energética.
A análise ressaltou que a adição de nova capacidade termelétrica não significa necessariamente que as emissões de CO2 do setor de energia da China aumentarão – isso dependerá da demanda por eletricidade e da oferta de outras fontes. Ainda assim, a decisão passa um sinal ruim para quem se preocupa com a crise climática.
“Centenas de novas usinas de energia a carvão tornarão o cumprimento dos compromissos climáticos da China mais complicado e caro. Os proprietários politicamente influentes dessas usinas têm interesse em proteger seus ativos e evitar uma rápida expansão da energia limpa e a eliminação do carvão”, disse a análise.
Bloomberg, Guardian, Reuters e Washington Post destacaram a notícia.
Em tempo: A ativista Greta Thunberg participou de uma manifestação em frente ao ministério de energia da Noruega, em protesto contra a instalação de geradores eólicos de energia em terras tradicionalmente usadas por criadores de renas da etnia indígena Sami. Ela criticou a decisão das autoridades do país, acusando-os de promover um “colonialismo verde”, e defendeu que a ação climática caminhe junto com a defesa dos Direitos Humanos. AFP, Financial Times, POLITICO e Reuters repercutiram a ação.
ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2023.
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