Sete em cada dez brasileiros moram em cidades sob risco de desastres climáticos

Brasil desastres climáticos
Prefeitura de São Sebastião/Divulgação

Quatro em cada dez municípios do país são considerados vulneráveis a desastres climáticos relacionados a chuvas extremas como as que atingiram o litoral norte de São Paulo no Carnaval. São 2.120 cidades, que concentram 70% da população brasileira. Muitas delas ficam na costa do país.

Os dados são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), que anunciou, na quinta-feira (2/3), a ampliação da lista de cidades monitoradas pelo órgão – antes, eram 1.038 municípios. A atualização deve ser feita em duas etapas. Primeiro, incluindo 235 cidades da região metropolitana de lugares já monitorados. Em seguida, acrescentando outros 841. Apesar do anúncio, não há previsão para a divulgação da lista completa, informa a Folha.

A tragédia em São Sebastião se somou a outras que, rotineiramente, acontecem em várias regiões do país como efeito das mudanças climáticas. Entretanto, especialistas ouvidos pela Folha dizem que o Brasil está muito atrasado na adaptação a essa crise. O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), lançado em 2016, nunca foi colocado em prática. E poucas cidades têm políticas para minimizar o impacto de eventos climáticos extremos.

“Tem algumas iniciativas maravilhosas, como o CEMADEN, mas ainda estamos atrás em termos de preparação na ponta, junto às populações mais vulneráveis, de entender as áreas de riscos e ter programas específicos para ajudar os municípios na área da adaptação”, confirma Ana Toni, secretária Nacional de Mudanças do Clima, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Embora não seja uma solução definitiva, a implantação de um sistema de sirenes para alertar a população em situações de chuva extrema é recomendada por especialistas, como uma estratégia emergencial para evitar mortes, mostra o Valor. Contudo, tanto as cidades do litoral norte paulista como diversos outros municípios vulneráveis a desastres climáticos não dispõem desse sistema.

Em tempo 1: As chuvas podem causar novos estragos em Santa Catarina. Após sofrer com temporais no início de dezembro passado, o estado está sob a influência de um ciclone extratropical que pode provocar chuvas intensas, com risco de deslizamentos e enxurradas. No sábado (4/3), o mau tempo no norte catarinense provocou o destelhamento de casas e de um posto de combustíveis, derrubada de árvores e rompimento de cabos de energia, informa o g1.

Em tempo 2: O café com açúcar no Brasil pode subir de preço. Isso porque, após sete anos “sumido”, o El Niño – fenômeno meteorológico que aquece as águas do Oceano Pacífico na altura da linha do Equador e costuma aumentar as temperaturas globais – pode voltar a ocorrer. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), há uma chance de 15% do El Niño voltar entre abril e junho. Os percentuais sobem para 35% entre maio e julho, e 55% de junho a agosto, segundo a BBC. Os analistas são cautelosos em apontar possíveis impactos na produção agrícola brasileira. Mas, com base no passado, um dos cultivos sensíveis é o do café, já que o fenômeno aumenta as temperaturas no inverno, prejudicando o desenvolvimento da cultura. Já para a cana-de-açúcar, como o pico da safra ocorre entre abril e agosto, o excesso de chuvas geralmente causado pelo El Niño pode prejudicar a moagem da cana, informa a Folha.

ClimaInfo, 6 de março de 2023.

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