A “queda-de-braço” entre indústria e países europeus por carros elétricos e gás natural

Europa carros elétricos
Jens Schlueter/Getty

Os planos da União Europeia (UE) para banir os combustíveis fósseis do continente continuam rendendo ataques. A fala de integrantes do governo da Alemanha de que não concordariam com a decisão de proibir a venda de veículos novos a combustão a partir de 2035 foi criticada pela Espanha, mostra a Bloomberg. Para o país ibérico, a posição alemã – que não é consenso no gabinete do primeiro-ministro Olaf Scholz – pode atrapalhar a legislação do bloco. Por isso, a Espanha defende que os planos sejam mantidos.

O “fogo amigo” vem até mesmo de quem tem interesse nos veículos elétricos, como a montadora alemã Volkswagen – nesse caso, a cobrança é por recursos financeiros. A companhia disse que está progredindo mais rapidamente na construção de uma fábrica de baterias nos Estados Unidos do que na Europa Oriental, por causa dos enormes subsídios disponibilizados pela Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), criada pelo governo Biden. Com isso, a VW aumenta a pressão sobre Bruxelas para oferecer maiores incentivos ecológicos, informa o Guardian.

A montadora alertou a UE de que está sendo ultrapassada na corrida para atrair investimentos em gigafábricas, depois do pacote de US$ 369 bilhões da IRA – tema também tratado pela Bloomberg. Por isso, está esperando uma resposta de Bruxelas antes de tomar uma decisão sobre investir na planejada fábrica do leste europeu.

A UE prepara uma resposta ao IRA norte-americano. De acordo com um rascunho do Net-Zero Industry Act da entidade, que deve ser divulgado na próxima semana, 40% da tecnologia verde necessária para atender às metas climáticas e energéticas do bloco deve ser feita até 2030, segundo o Guardian.

Enquanto isso, em outra frente contra decisões da UE, e-mails obtidos pelo canal de jornalismo investigativo DeSmog e também vistos pelo The Guardian mostram que a indústria europeia de gás monta uma intensa operação para tentar impedir a eliminação de aquecedores a gás nas próximas mudanças na legislação. As empresas querem manter esses aquecedores em operação para proteger seu mercado e permitir que se adaptem ao que consideram novos mercados potenciais de gás “verde”, em biocombustíveis e hidrogênio, apesar das dúvidas sobre a viabilidade.

O ataque da indústria de gás se dá sobre a versão revisada de uma peça-chave da legislação climática conhecida como Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), que rege o isolamento e outros padrões para propriedades residenciais e comerciais. A revisão deve ser votada na próxima semana pelo Parlamento Europeu.

Elaboradas como parte da meta da UE de reduzir suas emissões em 55% até 2030, as propostas visam combater um terço das emissões geradas pelo aquecimento de edifícios. O objetivo é provocar uma onda de reformas de casas mal isoladas; eliminar gradualmente novas caldeiras a gás; e acelerar a absorção de bombas de calor e painéis solares.

ClimaInfo, 9 de março de 2023.

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