Classificar ou não a energia nuclear como “fonte verde”, eis a questão na Europa

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Sebastien Berda / AFP

Muitas medidas propostas pela União Europeia para descarbonizar sua economia provocam impasses entre os países do bloco. Entretanto, nada parece mais polêmico do que as discussões sobre a energia nuclear. Há países que querem extinguir em definitivo a fonte do território europeu, pelos riscos associados ao seu uso, informa o Financial Times. Outros, porém, alegam que a energia nuclear não provoca emissões e, por isso, seria “verde”.

Enquanto a Alemanha acelerou a parada de seus reatores, substituindo-os por fontes renováveis, a França lidera uma cruzada nos debates na UE em favor da energia nuclear, sua principal fonte de eletricidade, informa a Bloomberg. O país, inclusive, propôs uma lei para acelerar a construção de novos reatores, mostra o France24.

O movimento é parte da tentativa do presidente francês Emmanuel Macron de obter a independência energética do país. Sobretudo após a guerra da Ucrânia, que recentemente completou um ano e fez com que a UE, em retaliação, praticamente abolisse o uso do gás natural da Rússia – do qual era extremamente dependente, explicam o Euronews e a Time.

A França viu com satisfação a proposta da Comissão Europeia de reformar o mercado de energia elétrica do continente, divulgada na terça-feira (14/3). Para o país, a proposição é uma chance de desenvolver e reformar sua frota nuclear, explica o Euroactiv. A proposta também foi tratada pela Reuters.

As sanções da UE à Rússia, por causa da invasão da Ucrânia, promoveram um aparente distanciamento entre a Europa e a nação russa. Entretanto, a indústria nuclear francesa mantém vínculos com a Rosatom, gigante russa do setor nuclear. O Greenpeace detalhou ao Le Monde as relações entre os dois países no transporte de urânio natural e na importação de urânio enriquecido – setor ainda poupado pelas retaliações europeias. O New York Times também abordou o tema.

A classificação da fonte nuclear como “verde” não é uma exclusividade francesa. Segundo a Bloomberg, o Reino Unido, que não mais integra a UE, usa o mesmo artifício. Seu objetivo é atrair recursos de investidores privados para o segmento.Hoje, 85% das adições de capacidade nuclear instalada estão fora de França e dos Estados Unidos, que puxaram o crescimento dessa fonte nos últimos 50 anos. China, Índia, Rússia e Turquia devem assumir a liderança no crescimento nuclear nos próximos anos, segundo dados do Global Energy Monitor (GEM), informa a Reuters.

ClimaInfo, 16 de março de 2023.

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