Geopolítica fóssil: Rússia se torna maior fornecedora de petróleo da China

Rússia petróleo
Bloomberg

A Rússia ultrapassou a Arábia Saudita e se tornou a maior fornecedora de petróleo para a China, de acordo com dados do próprio governo chinês. As importações de petróleo russo totalizaram 1,94 milhão de barris de petróleo nos dois primeiros meses de 2023, enquanto os sauditas venderam 1,72 milhão de barris aos chineses no mesmo período. Os dados foram divulgados pela Reuters.

O aumento das vendas de petróleo da Rússia para a China acontece em meio ao isolamento internacional da indústria de combustíveis fósseis de Moscou desde a invasão à Ucrânia, há pouco mais de um ano. Os países do G7 e da União Europeia impuseram uma proibição à compra de petróleo russo como parte das sanções internacionais ao governo de Vladimir Putin.

Em resposta, o governo russo se aproximou de mercados alternativos, especialmente Índia e China, que não aderiram às sanções. Para atrair novos consumidores, a Rússia vem oferecendo condições especiais de pagamento, além de um preço mais baixo em relação ao praticado no mercado internacional.

O presidente da China, Xi Jinping, visitou Moscou nesta 2ª feira (20/3), onde reforçou os laços políticos e comerciais entre os dois países. De acordo com a Bloomberg, um dos pontos abordados pelos dois líderes é a possibilidade de um acordo para venda de gás natural russo ao mercado chinês. Com as vendas à Europa comprometidas, os russos enxergam na China sua maior esperança para continuar lucrando com seu principal combustível fóssil.

A Reuters destacou a urgência dos russos na definição desse acordo com a China. A despeito de ter escapado de um colapso econômico decorrente das sanções internacionais, a continuidade da guerra na Ucrânia coloca a economia russa em um “lento sufocamento”. Nesse sentido, a possibilidade de se vender mais petróleo e gás para os chineses é vista como o “bilhete premiado” para se livrar da pressão ocidental – ainda que às custas da posição geopolítica da Rússia, em benefício da China.

Em tempo: O Washington Post destacou um dos efeitos das sanções internacionais sobre a indústria fóssil na Rússia – o uso de navios-tanque antiquados e perigosos para o transporte do combustível. Isso acontece porque as principais empresas transportadoras não estão mais embarcando combustível russo, por medo de serem penalizadas pelos Estados Unidos e União Europeia. Assim, Moscou optou por utilizar embarcações antigas e sem qualquer segurança, o que potencializa o risco de vazamentos ou derramamentos de óleo.

ClimaInfo, 21 de março de 2023.

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