Joenia Wapichana: ausência do estado foi fundamental para crise humanitária na Terra Yanomami

Joenia Wapichana comissão Senado
Divulgação FUNAI

A presidente da FUNAI, Joenia Wapichana, participou nesta 4ª feira (29/3) de uma audiência pública na comissão temporária do Senado Federal sobre a crise humanitária na Terra Yanomami. A ex-parlamentar destacou as ações recentes do governo federal para ajudar as comunidades indígenas afetadas por desnutrição e malária e pontuou que a omissão das autoridades governamentais na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro intensificou a crise no território Yanomami.

“Não é uma surpresa que veio à tona a toda a sociedade brasileira essa tragédia humanitária. Crianças morrendo de fome. O início dessa crise foi público e notório e a ausência do Estado frente a isso foi fundamental para que ela aumentasse”, comentou Joenia. A chefe da FUNAI também criticou a desinformação promovida por bolsonaristas em relação à crise Yanomami.

Entre as medidas emergenciais anunciadas pela FUNAI, estão a distribuição de alimentos e promoção da segurança alimentar, fortalecimento das atividades produtivas e a reforma das pistas de pouso utilizadas pelas equipes governamentais no atendimento aos Yanomami. A FUNAI também confirmou uma solicitação de crédito extraordinário de cerca de R$ 80 milhões para ações de proteção indígena na Terra Yanomami. O Congresso em Foco repercutiu a participação de Joenia na comissão do Senado.

A Folha conversou com a médica Ana Carolina Marques, indígena do Povo Tupiniquim que trabalha no atendimento de saúde às comunidades Yanomami. Para ela, depois das ações recentes do governo federal, “a sensação de impotência diminuiu”.

“A população Yanomami está sendo vista. Antes, eu falava que era um Povo esquecido e que parecia não existir para o restante da sociedade. Hoje podemos gritar e exigir condições mínimas de trabalho, clamar por melhorias”, disse.Na 3ª feira (28/3), a ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) anunciou a criação de dois hospitais para atendimento do Povo Yanomami. Segundo o Metrópoles, um deles ficará dentro do território indígena, enquanto o outro será construído na capital de Roraima, Boa Vista.

ClimaInfo, 30 de março de 2023.

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