Setor financeiro precisa se comprometer com transição para economia verde

30 de março de 2023
Economia Verde
Pixabay

A adaptação às mudanças climáticas vai exigir investimentos anuais de US$ 340 bilhões, de acordo com estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Atualmente, só 7% dos fluxos de financiamento climático são gastos com isso. Do financiamento climático público em 2020, 71% vieram de empréstimos, aponta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com as doações pesando muito menos que isso. Logo, seja por regulação ou boa vontade, o setor financeiro – em todo o planeta e em particular no Brasil – precisa se movimentar e inovar para catalisar esses esforços.

Uma iniciativa é a chamada blended finance, que vem ganhando força no mercado internacional e que deve entrar no radar das instituições financeiras brasileiras. Trata-se de um instrumento financeiro que mistura capital não reembolsável com recursos de investidores, que recebem juros por seus empréstimos.

O foco da blended finance, explica o Valor, são projetos de impacto socioambiental ou de inovação disruptiva com alto risco e que precisam de muito capital, algo que dificilmente atrairia os bancos comerciais. Portanto, a ferramenta faz sentido para o tamanho do desafio e do potencial do Brasil em economia verde. Afinal, passa de US$ 1 bilhão anuais o que o país precisa para recuperar áreas degradadas na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica até 2030, diz a The Nature Conservancy.

No financiamento a empresas, é crescente o aumento das exigências de padrões ambientais, sociais e de governança (ESG). Entretanto, muitas companhias ainda não fazem medições de impacto, porque não há exigência regulatória para isso. Por isso, fundos de investimento vêm desenvolvendo ferramentas próprias de análise, informa o Valor. Especialmente gestoras que se propõem a investir apenas em impacto positivo.

As companhias brasileiras vêm melhorando em relação ao ESG, como mostra o ESG Brazil Yearbook 2023, estudo da KPMG Brasil divulgado pelo Valor. A pesquisa foi feita com 190 companhias, de 11 segmentos econômicos. Entretanto, o ritmo de incorporação dessas práticas ainda está aquém das necessidades urgentes do planeta e da sociedade.

Para Heloísa Bedicks, que durante 20 anos presidiu o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o alicerce do ESG está justamente no “G” – a governança. “Se não houver boas práticas de governança, o ambiental e o social não avançam”, disse ela, em entrevista ao Valor. Para a executiva, é preciso que empresas e seus executivos estejam realmente comprometidos com as melhores práticas.

Em tempo: Na retórica empresarial, diversidade, equidade e inclusão são termos cada vez mais presentes e frequentes. No entanto, a realidade de pessoas transgênero no mercado de trabalho mostra que ainda há um abismo imenso entre o discurso e a prática, pontua o Valor.

Segundo mapeamento de 2021 de pessoas “trans” no município de São Paulo, feito pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec), 58% realizam trabalho informal ou autônomo, de curta duração e sem contrato; 27% têm emprego formal com carteira de trabalho assinada; 10% desenvolvem atividades como microempreendedor individual (MEI); 3% são empregadores/profissionais liberais; e 2% são funcionários públicos.

Ainda segundo o estudo, 21% da população trans ocupada exerce uma segunda atividade. Isso porque a maioria das que têm um emprego ocupa cargos com baixos salários, precisando complementar a renda.

ClimaInfo, 30 de março de 2023.

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