União Europeia inclui energia nuclear em meta para geração renovável

31 de março de 2023
Europa nuclear renovável
Stephane Mahe/Reuters

A União Europeia aprovou, nessa quinta-feira (30/3), um acordo para aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética do continente para 42,5% em 2030 – a meta até então era de 32%. Mas, parafraseando o poeta Carlos Drummond de Andrade, no meio desse caminho tinha pedras. Uma delas envolve concessões à energia nuclear, resultado da pressão dos franceses. Outra diz respeito ao estímulo aos biocombustíveis.

Em 2021, a UE obteve 22% de sua energia de fontes renováveis ​​em 2021. Portanto, a nova meta quase dobra esse percentual para os 27 países que compõem o bloco. O objetivo aprovado, porém, foi um meio termo entre duas propostas. Para a UE cumprir o objetivo de se tornar neutra em termos climáticos até 2050, a comissão executiva do bloco apoiou um alvo de 45%. Já os países-membros defendiam 40%.

Seria muito bom, não fossem as concessões para se chegar a esse patamar, como o uso de energia nuclear na produção de hidrogênio, destacam Bloomberg, Financial Times e Euronews. A França, um dos líderes mundiais nesse tipo de geração elétrica, argumenta que a energia nuclear é “limpa”, por não emitir gases de efeito estufa. A Eletronuclear que o diga…

Assim, 42% do hidrogênio usado na indústria deve vir de combustíveis renováveis ​​de origem não biológica até 2030, e 60% até 2035. Mas, países que produzem hidrogênio com o uso de energia nuclear poderão reduzir sua meta geral de produção de hidrogênio renovável em 20%, se também diminuírem a cota de hidrogênio oriundo de combustíveis fósseis.

Os países do bloco terão de aumentar para 29% a quota de fontes renováveis ​​na energia utilizada pelo setor dos transportes. Uma das possibilidades para isso são os biocombustíveis. A medida, porém, é duramente criticada pela OXFAM, por criar uma competição entre a produção de combustíveis e de alimentos.

“A UE optou por continuar abastecendo os carros com grãos, açúcar e óleo vegetal. Isso significa que a Europa continuará desperdiçando terras que poderiam alimentar 120 milhões de pessoas diariamente. Em meio a uma crise global de fome, a decisão de continuar promovendo biocombustíveis não faz sentido. Os biocombustíveis não apenas desperdiçam terras cultivadas para abastecer os carros, mas também aumentam ainda mais os preços dos alimentos. Esta é uma perda enorme para milhões de pessoas que estão lutando para encontrar sua próxima refeição”, disse a OXFAM.

Para a The Nature Conservancy (TNC), a nova meta da UE pode colocar a Europa na liderança internacional, “ao mostrar como fornecer energias renováveis ​​mais rápidas e amigáveis ​​à natureza”. Entretanto, a entidade chama atenção para a necessidade de cuidados na implementação dos projetos.

“Os desafios de planejamento e licenciamento estão entre as maiores barreiras para a implantação de energia renovável na UE, com projetos que geralmente levam vários anos para decolar. Projetos mal planejados também correm o risco de exacerbar os conflitos com as comunidades locais em torno do uso da terra e proteção do habitat”, ressaltou a TNC.

AP, Reuters, CNBC, CNN e Euractiv, entre diversos outros veículos, repercutiram as novas metas da UE para energias renováveis.

ClimaInfo, 31 de março de 2023.

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