Oposição no Congresso e pressão por 2024 afetam estratégia climática de Biden nos EUA

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Atlantic Council

Semanas após autorizar o polêmico projeto de exploração de petróleo de Willow, no Alasca, o governo de Joe Biden deu mais um passo para aumentar a oferta de combustíveis fósseis nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, conseguiu piorar ainda mais sua reputação em relação a ações para combater a crise climática.

Nesta 4a feira (29/3), o governo norte-americano promoveu um leilão de blocos exploratórios no Golfo do México – o primeiro do tipo em mais de um ano –, totalizando uma área equivalente ao território da Itália, segundo o Guardian. A licitação terminou com ofertas para direitos exploratórios totalizando US$ 264 milhões, informam Bloomberg e npr. Entre as companhias que participaram do leilão estão gigantes petrolíferas, como Chevron, bp e ExxonMobil. Agora, a administração Biden vai avaliar os lances, antes de divulgar o resultado final.

O desenvolvimento dessas áreas poderá gerar até 1,1 bilhão de barris de petróleo e mais de 113 bilhões de m3 de gás natural em 50 anos, de acordo com uma análise do governo Biden. O resultado disso é que mais 16 milhões de toneladas de dióxido de carbono serão jogadas na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, destaca a AP.

O fato é que a política de Biden para os combustíveis fósseis e, de quebra, para o clima, vem desagradando gregos e troianos – ou melhor, ambientalistas e o setor de óleo e gás –, mostra o Washington Post. Para os primeiros, a autorização de Biden para Willow representou a traição de alguém que ganhou seu apoio ao prometer acabar com a perfuração em terras federais, também lembra o Guardian. Já a indústria do petróleo vê o presidente como hostil aos seus negócios, apesar dos últimos lances favoráveis.

Enquanto tenta se equilibrar nesses polos, e sem sucesso, Biden ainda enfrenta as pressões do Congresso, dominado pelos republicanos, que são reconhecidamente favoráveis à indústria de combustíveis fósseis. Nesta 5a feira (30/3), a Câmara aprovou uma legislação que aumentaria a exploração de petróleo em terras e águas públicas, informa o Washington Post.

O pacote, conhecido como Lei dos Custos de Energia Mais Baixos, reduziria algumas regulamentações ambientais e restabeleceria os arrendamentos de petróleo e gás suspensos. Também revogaria partes da lei climática histórica dos democratas, a Lei de Redução da Inflação.

Embora a Câmara tenha aprovado a medida, ela não deve se tornar lei. Mesmo assim, cria mais um embaraço para Biden, que começa a tentar lançar bases para uma possível reeleição, no próximo ano. Os republicanos querem usar a medida para jogar no colo do atual presidente a culpa pelo aumento dos preços do gás natural, que vem escalando em todo o planeta devido à guerra da Ucrânia e as sanções ao energético de origem russa.A lei pró-combustíveis fósseis aprovada pela Câmara dos Estados Unidos também foi noticiada por Wall Street Journal, AP e New York Times.

ClimaInfo, 31 de março de 2023.

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