Reino Unido mira no “net-zero” em 2050, mas erra na meta de redução de emissões para 2030

Reino Unido net-zero
Dominic Lipsinski / Bloomberg

Em um lance digno do termo “dar uma no cravo e outra na ferradura”, o governo do Reino Unido apresentou na semana passada seu plano revisado para cumprimento da meta de descarbonização integral de sua economia até 2050, vulgo net-zero.

O texto atira para todos os lados – energia eólica e solar, carros elétricos, hidrogênio verde, captura e armazenamento de carbono, etc. – mas falha naquilo que é crucial para tudo isso dar certo: reduzir emissões de carbono no médio prazo.

O próprio governo do premiê Rishi Sunak reconheceu que, da forma como as coisas estão caminhando, o Reino Unido caminha para um fracasso em sua meta de redução das emissões para 2030. Na época da COP26, realizada em Glasgow em 2021, os britânicos prometeram que reduziriam suas emissões em 68% até o final desta década em relação aos níveis de 1990. No entanto, as novas políticas viabilizariam um corte de apenas 92% dessa meta.

“Estamos confiantes de que a entrega da redução de emissões por meio de políticas não quantificadas detalhadas neste pacote fechará amplamente essa lacuna e o governo apresentará novas medidas para garantir que cumprirá seus compromissos internacionais, se necessário”, assinalou o texto citado pelo Guardian.

As promessas banguelas não foram suficientes para aplacar a irritação de ativistas climáticos e especialistas no Reino Unido. “Em vez de aproveitar o momento histórico, o governo ficou atrás da Lei de Redução da Inflação [IRA, da sigla em inglês, aprovada pelos EUA em 2022] e atualmente não está conseguindo capitalizar as oportunidades que uma transição verde proporcionará. As empresas estão tomando suas decisões de investimento agora e o Reino Unido segue atrasado”, criticou Josh Burke, pesquisador do Grantham Research Institute da London School of Economics, também citado pelo Guardian.

Outra crítica está na aposta que o governo britânico faz nas tecnologias de captura e armazenamento de carbono. O novo plano justifica a expansão da exploração de petróleo e gás no Mar do Norte exatamente com o uso dessas tecnologias. No entanto, como o Guardian assinalou, as possibilidades para aumento de escala dessa técnica ainda são limitadas, inclusive do ponto de vista financeiro.

BBC, Bloomberg, Euronews, Financial Times, Independent, New Scientist e Reuters também abordaram o plano britânico para o net-zero e o mico do descumprimento potencial de sua meta de redução de emissões para 2030.

ClimaInfo, 3 de abril de 2023.

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