Geopolítica energética: G7 sugere novos investimentos em gás fóssil

gás fóssil
Paul Langrock / Greenpeace

Ministros da área ambiental e de energia dos países do G7 que se reunirão nos dias 15 e 16 de abril em Sapporo, no Japão, podem defender novos investimentos no fornecimento de gás natural de origem fóssil, segundo um documento ao qual a Reuters teve acesso.

A recomendação pode ocorrer mesmo diante das avaliações de que aplicar recursos financeiros em novas reservas de combustíveis fósseis neste momento frustraria as metas de combate às mudanças climáticas.

Um rascunho da declaração do G7 mostra que os ministros concordariam que novos investimentos em exploração e produção de gás são necessários, por causa das consequências energéticas da invasão da Ucrânia pela Rússia, destacam o Climate Change News e o OilPrice. Sanções da União Europeia e dos Estados Unidos fizeram a Rússia reduzir as entregas de gás para a Europa, causando um aperto na oferta global e fazendo disparar os preços nos mercados globais.

“Nesta contingência específica, reconhecemos a necessidade de investimentos upstream necessários em GNL (gás natural liquefeito) e gás natural, de acordo com nossos objetivos e compromissos climáticos”, diz o rascunho da declaração, que ainda pode ser alterado.

Anfitrião do encontro do G7, o Japão quer pressionar os outros integrantes do grupo a acelerar os esforços de descarbonização. Entretanto, o ministro da economia, comércio e indústria do país, Yasutoshi Nishimura, disse à Reuters que as nações precisam garantir segurança energética e crescimento econômico ao mesmo tempo – o que abre brechas para os planos de investir em combustíveis fósseis.

As mesmas sanções que tiraram a Rússia do jogo energético europeu e pressionaram os preços nos mercados globais de gás natural transformaram a Noruega numa “campeã” energética do continente, destaca o New York Times. O país nórdico é agora o maior fornecedor de gás natural da Europa e, no ano passado, as receitas de energia do país saltaram US$ 100 bilhões.

E mais gente está de olho nesses ganhos. Nos Estados Unidos, o New York Times mostra que a ConocoPhillips corre para colocar em operação o polêmico projeto Willow, de exploração e produção de petróleo no Alasca. Entretanto, o NYT diz que Willow é apenas um de tantos outros projetos de combustíveis fósseis que estão sendo realizados em todo o mundo – e com força total.

Em tempo: Enquanto o G7 pode estimular novos investimentos em combustíveis fósseis, a International Finance Corporation (IFC), braço do setor privado do Banco Mundial, deve parar de apoiar novos projetos de carvão, revela o Climate Change News. Uma atualização da política de “abordagem de equidade verde” da organização, destinada a clientes intermediários, como bancos comerciais, afirma explicitamente que a IFC não apoiará mais novos projetos a carvão. A política anterior exigia apenas que os clientes financeiros reduzissem sua exposição pela metade até 2025 e para zero até 2030, o que permitiu que clientes financeiros da instituição apoiassem uma série de novos projetos a carvão nos últimos cinco anos.

O Climate Change News ainda destaca a mudança de postura do Banco Mundial decorrentes dos esforços da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e sua “Agenda de Bridgetown”. Mottley quer que o banco lidere a mobilização de mais de US$ 1 trilhão por ano que os países em desenvolvimento precisarão até 2030 para atender às suas necessidades de investimento climático. Em sua campanha, conseguiu aliados poderosos, como os Estados Unidos, que ofereceram apoio aos princípios da agenda de Mottley.

ClimaInfo, 10 de abril de 2023.

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