Petrobras criará diretoria para transição energética

Petrobras transição energética
José Cruz / Agência Brasil

Presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, Maurício Tolmasquim foi indicado para comandar a diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis, que está sendo criada pela Petrobras. Segundo comunicado da petroleira, a nova diretoria “coordenará as atividades de descarbonização, mudanças climáticas, novas tecnologias e sustentabilidade e incorporará as atividades comerciais de gás natural”. A criação da pasta, porém, ainda depende de aprovação do conselho de administração da empresa, lembra a epbr.

A retomada dos investimentos em energias renováveis era uma das promessas de campanha de Lula para a Petrobras, informa a Folha. A empresa abandonou esse segmento durante o governo Jair Bolsonaro, focando os recursos financeiros na exploração e na produção do pré-sal e até mesmo se desfazendo de projetos de fontes renováveis de energia.

Mesmo dedicando uma diretoria à transição energética e às energias renováveis, a Petrobras continua sendo uma das líderes em novas descobertas de petróleo e gás natural no mundo, destaca a Bloomberg Línea.

Entretanto, a empresa vive incertezas quanto à exploração de novos reservatórios. Sobretudo porque seu presidente, Jean Paul Prates, vem destacando que seu objetivo é explorar a margem equatorial, e particularmente a Bacia da Foz do Amazonas. Uma região de alta sensibilidade ambiental e para a qual a petroleira espera uma licença do IBAMA para perfurar um poço – o que preocupa a área ambiental do governo.

Pelo lado do consumo de derivados de petróleo, o presidente Lula continua reiterando seu discurso contra o Preço de Paridade de Importação (PPI), que vincula os preços do mercado interno aos do exterior, informa O Globo. Os preços dos combustíveis também foram tema da campanha do atual presidente, que prometeu interromper essa vinculação – apesar das críticas de que, no fim, isto se trataria de um subsídio para combustíveis fósseis.

O fato é que a nova política de preços virou uma disputa dentro do próprio governo, mostram a Folha e a Globonews. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que a estatal mudaria sua forma de precificação, irritando a direção da Petrobras. No dia seguinte, Lula disse que o assunto não estava sendo discutido e que nenhuma decisão estava tomada.

Outro problema envolvendo a Petrobras diz respeito às indicações governamentais a seu conselho de administração. Indicado para ocupar uma vaga no colegiado, o atual secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, Efrain Cruz, foi rejeitado pelos comitês internos de governança da estatal, informa a Folha. Foi o terceiro nome indicado pelo governo a ser rejeitado por essas instâncias.

A Petrobras também entrou no foco do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele criticou petroleiras que se aproveitam de distorções tributárias para pagar menos impostos na exportação de petróleo cru, segundo a epbr. Sem nomear a Petrobras, Haddad afirma que até mesmo uma “estatal” pratica esse tipo de operação.Enquanto acionistas minoritários da petroleira brasileira, que foram bastante beneficiados no governo anterior com vultosas distribuições de dividendos, reclamam dos novos rumos da Petrobras quanto aos preços e à energia renovável, entre os investidores da Shell os ganhos financeiros contam menos do que garantir a segurança energética, de acordo com a CFO da companhia, Sinead Gorman. A mudança foi sentida após a guerra da Ucrânia e as incertezas quanto à oferta de petróleo e gás natural, explica a Bloomberg Línea.

ClimaInfo, 10 de abril de 2023.

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