Lula na China: clima terá peso em reaproximação bilateral

12 de abril de 2023
Lula na China
Ricardo Stuckert / Presidência da República

O presidente Lula chegou na noite desta 4ª feira (12/4) a Xangai para a primeira parte de sua visita oficial à China, uma das viagens mais aguardadas da nova gestão. Na cidade, o líder brasileiro participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff no comando do New Development Bank (NDB), banco multilateral criado no âmbito do BRICS.

A visita de Lula à China é o passo mais significativo para a reaproximação diplomática entre os dois países, que passaram os últimos quatro anos distantes por conta de desentendimentos políticos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pauta de discussão é extensa, abrangendo desde a intensificação das trocas comerciais e de investimentos bilaterais, a reorganização da governança global e, claro, os esforços das duas nações na luta contra a crise climática.

“[Lula] provavelmente continuará buscando maneiras de aumentar as exportações de carne bovina congelada, soja, minério de ferro e petróleo bruto para o enorme mercado chinês. Ao mesmo tempo, é provável que ele exija que a China faça mais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e responsabilize as empresas estatais chinesas que operam no Brasil por prejudicarem o meio ambiente”, especulou Leland Lazarus, da Universidade Internacional da Flórida (EUA), à Deutsche Welle.

A questão climática é um dos chamarizes da viagem de Lula à China, vista como mais um passo na retomada do protagonismo brasileiro nessa agenda. “A viagem de Lula à China pode lançar os alicerces de uma aliança estratégica na área do clima, baseada em interesses nacionais convergentes neste tema, que dará ao presidente brasileiro a oportunidade de um début de enorme impacto”, escreveu Winston Fritsch (CEBRI) no Valor.

Em termos práticos, no entanto, não se espera acordos substanciais entre Lula e o chinês Xi Jinping na seara climática. Como assinalado por Leonardo Trevisan, professor da ESPM, ao Estadão, espera-se entendimentos pontuais principalmente relacionados à produção de carros elétricos, à construção do satélite CBERS-6 (para o monitoramento do desmatamento) e assuntos ligados à indústria de semicondutores.

Uma possibilidade mais substancial seria a aproximação do Brasil com a Belt and Road Initiative (BRI), conhecida como a “Nova Rota da Seda”, que impulsionou investimentos chineses em obras de infraestrutura ao redor do mundo. A BBC Brasil informou que autoridades chinesas esperam que o governo brasileiro faça alguma sinalização de interesse na iniciativa, o que poderia abrir novos investimentos de Pequim no país. No entanto, pelo lado brasileiro, ainda há incerteza sobre essa possibilidade, especialmente para não melindrar o diálogo com os Estados Unidos, adversário geopolítico da China.É exatamente o vespeiro da geopolítica que coloca os maiores obstáculos a uma aproximação mais clara entre Brasil e China. “Diante do embate por hegemonia entre EUA e China, nem alinhamentos automáticos e nem posições ideológicas funcionarão para o Brasil”, argumentou Jamil Chade no UOL. “Navegar nessa transformação global será o maior desafio da política externa brasileira nos próximos anos. Mas também uma oportunidade para catapultar a diplomacia para promover uma política de desenvolvimento social e econômico que redefina o destino do Brasil”.

ClimaInfo, 13 de abril de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar