Seca histórica intensifica crise econômica na Argentina

Argentina seca
Natalia Favre/Bloomberg

A economia da Argentina vive há décadas na corda-bamba, afligida por uma inflação persistente que corrói o poder de compra das famílias e pressiona as contas públicas. Para completar o azar, o clima não está ajudando os argentinos.

A Bloomberg destacou os efeitos da forte seca que afeta a Argentina. O clima seco e quente prejudicou a produção agrícola, o que diminuiu as projeções da safra atual, reduzindo assim a expectativa de entrada de divisas estrangeiras por meio de exportação. Sem dólares novos circulando no mercado nacional, o peso argentino se desvalorizou fortemente, causando um efeito cascata em toda a economia.

Para quem vive no campo, a situação é desesperadora. “Nunca passei por uma seca tão extrema”, disse Ariel Striglio, produtor rural que vive em uma terra arrendada na região de Chabas, a noroeste de Buenos Aires. “O senhorio quer ser pago, o banco quer ser pago e minha família tem que viver. Estou profundamente endividado”.

“A gente está considerando a safra de soja abaixo de 25 milhões de toneladas e a safra de milho, outra grande safra de verão na Argentina, deve ficar abaixo das 30 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia do tamanho do estrago: esperava-se, em condições normais, safra de 50 milhões de toneladas de soja e de 55 milhões de toneladas de milho. Já são perdas superiores a 50%”, explicou o consultor Flávio França Jr., da Datagro, ao Canal Rural.Com a safra menos pujante, a Argentina deve perder o posto de maior exportador mundial de farelo de soja para o Brasil. Na CBN, Cassiano Ribeiro explicou que os produtores brasileiros, especialmente no sul do país, também experimentaram problemas com a seca, mas que a produção no Centro-Oeste será suficiente para compensar essas perdas.

ClimaInfo, 13 de abril de 2023.

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