Biden acena para financiamento climático global, mas ainda não atinge meta

Biden financiamento climático global
AP Photo/Patrick Semansky

 Os Estados Unidos de Joe Biden resolveram abrir a carteira – ou, ao menos, mostrar o que tem dentro dela – e aproveitaram o Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima na semana passada para anunciar cerca de US$ 2 bilhões em recursos para diversas iniciativas ambientais e climáticos internacionais, entre eles o Fundo Amazônia. 

O Fundo Climático Verde (GCF) da ONU, principal mecanismo para o financiamento da ação climática nos países em desenvolvimento, receberá US$ 1 bilhão dos EUA. Ao mesmo tempo, Biden anunciou que pretende levantar US$ 200 milhões de fontes públicas, privadas e filantrópicas para reduzir as emissões de metano. Soma-se a essas cifras a doação prometida de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) ao Fundo Amazônia no Brasil. 

O anúncio de Biden animou observadores e analistas internacionais, especialmente pela injeção de novos recursos no GCF. Entretanto, a animação tem um limite: o valor de US$ 1 bi é metade dos US$ 2 bi devidos pelos EUA e, se efetivado, ainda não contemplará a totalidade dos US$ 3 bi prometidos pela gestão do ex-presidente Barack Obama há quase uma década. 

“Nos últimos anos, o Fundo esteve no limite de seus recursos. Ele tem aprovado dinheiro para projetos assim que recebe de doadores e teve que reter projetos por falta de dinheiro”, assinalou Joe Thwaites, do Natural Resources Defense Council (NRDC), ao Climate Home. “A questão é: os EUA podem liberar mais um bilhão de dólares e finalmente cumprir sua promessa?”

A dúvida é justificada: em 2017, o então presidente Donald Trump suspendeu a destinação de recursos dos EUA ao GCF, na esteira de sua saída do Acordo de Paris. O espectro de um recuo norte-americano é ainda mais forte por conta das eleições presidenciais no país no ano que vem, na qual Trump deverá ser candidato. 

O cumprimento da promessa financeira de Biden pode ter repercussão no financiamento climático como um todo. Se esse dinheiro sair, outros países desenvolvidos serão pressionados a contribuir com mais recursos ao GCF e a outras iniciativas financeiras de ação climática. Mas, se não sair, pode manter o financiamento climático travado, sem perspectivas de novos recursos. Associated Press, Financial Times, Reuters e Valor também repercutiram o anúncio financeiro de Biden para o clima global.

ClimaInfo, 24 de abril de 2023.

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