Indicadores climáticos globais estão “no vermelho”, indica relatório da ONU

Estado Global do Clima 2022
Organização Meteorológica Mundial (OMM)

Um ano de extremos climáticos marcantes, com os piores índices de cobertura congelada na Antártica e de calor nos oceanos já registrados pela ciência. Esses são apenas alguns dos itens destacados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em seu novo relatório sobre o estado do clima global em 2022, divulgado na semana passada. 

A análise mostrou que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados desde a Revolução Industrial, apesar do resfriamento causado pelo fenômeno La Niña nos últimos três anos. A temperatura média global em 2022 foi de 1,15oC acima da média observada entre 1850 e 1900, com o ano passado figurando entre o quinto e o sexto ano mais quente da série histórica. 

Na mesma linha, as concentrações dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – atingiram níveis recordes. Dados relativos a 2021, último ano com valores consolidados, mostraram que o aumento anual na concentração de metano foi o mais alto já registrado. Da mesma forma, dados preliminares de 2022 indicam que a concentração desses gases na atmosfera terrestre continuaram aumentando.  

As geleiras de referência, que possuem observações de longo prazo, experimentaram uma perda média de 1,3 metro em sua espessura, número muito maior do que a média da última década. A perda acumulada desde 1970 chega a quase 30 metros. Ao mesmo tempo, a extensão do gelo marinho na Antártica caiu para 1,92 milhão de km2 em 25 de fevereiro do ano passado, o nível mais baixo já registrado e quase 1 milhão de km2 abaixo da média de longo prazo (1991-2020). 

Nos oceanos, os sinais do aquecimento global são ainda mais evidentes. O teor de calor atingiu novo recorde em 2022, com cerca de 90% da energia retida no sistema climático global ficando nos oceanos. Apesar do La Niña, 58% da superfície oceânica experimentou pelo menos uma onda de calor marinha no ano passado. Já o nível médio global do mar continuou a subir, com a taxa de elevação média dobrando entre a primeira década de registro por satélite (1993-2002, de 2,2 milímetros por ano) e a última (2013-2022, 4,62 mm por ano). 

“Enquanto as emissões de gases de efeito estufa continuam a aumentar e o clima continua mudando, as populações em todo o mundo seguem sendo gravemente afetadas por eventos climáticos extremos. Por exemplo, em 2022, secas contínuas na África Oriental, chuvas recordes no Paquistão e ondas de calor históricas na China e na Europa afetaram dezenas de milhões de pessoas, causaram insegurança alimentar, impulsionaram a migração em massa e custaram bilhões de dólares em perdas e danos”, destacou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. Os dados da OMM sobre o clima global em 2022 tiveram ampla repercussão na imprensa, com manchetes em veículos como AFP, Al-Jazeera, Associated Press, CNN, Euronews, Reuters e Wall Street Journal, além de Folha e O Globo.

ClimaInfo, 24 de abril de 2023.

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