Tecnologia verde: Chile lança estratégia para nacionalizar produção de lítio

Marcelo Hernandez/Getty Image

O Chile integra o chamado “triângulo do lítio”, grupo de três países da América do Sul que concentram mais da metade das reservas mundiais do mineral, cobiçado globalmente por sua importância para a eletrificação do setor de transportes. Por isso, o país lançou uma política para as reservas e a produção do metal – uma promessa de campanha do presidente chileno, Gabriel Boric. 

Boric anunciou na quinta (20/4) os planos para estatizar a indústria de lítio do país. O projeto prevê que o Estado assuma participação na extração do produto no Salar de Atacama – hoje o único lugar do país onde o produto é extraído – e também a criação de uma instituição para desenvolver a indústria chilena do lítio, relata o Valor

A política nacional do lítio chilena se baseia em cinco pilares: criação de uma empresa nacional de lítio, cujo projeto de lei será enviado ao Congresso no 2º semestre; esforço para explorar e agregar valor ao mineral com colaboração privada; avanço de novas tecnologias de extração de lítio que minimizem o impacto ambiental; participação das comunidades do entorno das obras; e geração de produtos com valor agregado.

“O Chile possui uma das maiores reservas de lítio do mundo. Um mineral que, estando nas baterias de armazenamento de energia de carros e ônibus elétricos, é fundamental na luta contra a crise climática e uma oportunidade de crescimento econômico que dificilmente voltará a se repetir no curto prazo. Juntamente com o desenvolvimento do hidrogênio verde e o conhecimento gerado em nossas universidades e comunidades, é a melhor chance que temos de avançar para uma economia sustentável e desenvolvida. Não podemos desperdiçá-lo”, disse Boric.

Hoje, atuam no país gigantes da indústria como a chilena SQM e a estadunidense Albemarle. Com a política de nacionalização, o governo não iria rescindir os contratos atuais, mas acredita que as empresas possam negociar a participação do Estado antes que eles expirem, disse Boric. Contudo, o presidente chileno não nomeou a Albemarle, com contratos válidos até 2043, ou a SQM, com acordos até 2030, pontua o Metrópoles.

Dono da Tesla, uma das maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo, o empresário Elon Musk minimizou os efeitos sobre a oferta da nova política chilena para o mineral. “O minério de lítio é muito comum em toda a Terra. O que importa é a capacidade de refino”, afirmou no Twitter, segundo o El Mostrador.

Atualmente, 60% da capacidade mundial de processamento do lítio estão nas mãos de empresas chinesas. Por isso, Europa e Estados Unidos estão tentando reduzir o poder da China sobre a cadeia de suprimentos do mineral.A política nacional de lítio chilena foi repercutida também por El Pais, Diario Financiero, La Tercera, CNN, emol e UOL, entre outros veículos.

ClimaInfo, 24 de abril de 2023.

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