Cúpula climática na Alemanha antecipa posicionamento de países para a COP28

Cúpula Climática Alemanha
Brendan Lynch/Axios

Ainda falta bastante tempo até a COP28, mas a edição 2023 do Diálogo Climático de Petersberg, realizada nesta semana na Alemanha, já permitiu aos observadores das negociações sobre clima enxergar as posições de alguns dos principais países nessa agenda. No site Axios, Andrew Freedman assinalou a ciranda diplomática observada em Berlim nos últimos dias.

Por um lado, representantes da União Europeia sinalizaram sua pretensão de insistir na adoção de metas globais para a adoção de fontes renováveis de energia, uma alternativa à sinuca-de-bico política em torno da definição de um prazo para o fim do consumo de combustíveis fósseis.

A Associated Press repercutiu a fala do chanceler alemão Olaf Scholz em defesa de uma meta global para energia renovável. Ele sugeriu que os países poderiam se comprometer a triplicar a capacidade instalada de fontes eólica e solar até 2030, em linha com uma proposta recente da Agência Internacional de Energia. “Isso enviaria um sinal claro para a economia real e para o financiamento sobre o rumo para onde estamos caminhando”, afirmou Scholz.

Por outro lado, o presidente designado da COP28, Sultan Al-Jaber, voltou a defender que os países busquem maneiras para reduzir as emissões de gases de efeito estufa atreladas à queima da energia fóssil – e não o consumo de petróleo e gás em si.

“Sabemos que o combustível fóssil continuará a desempenhar um papel no futuro previsível, ajudando a atender aos requisitos globais, portanto, nosso objetivo deve ser o foco em garantir a eliminação gradual das emissões de todos os setores, seja petróleo e gás ou indústrias de alta emissão”, disse Al-Jaber. “Paralelamente, devemos reafirmar todos os esforços e investimentos em energia renovável e espaço de tecnologia limpa”. 

A despeito das críticas de ativistas climáticos à indicação de Al-Jaber, executivo da indústria petroleira, para a presidência da COP28, duas veteranas das negociações climáticas internacionais enxergam a possibilidade de uma mudança importante dentro do setor a partir dessa experiência. Rachel Kyte, diretora da Fletcher School da Tufts University (EUA), e Laurence Tubiana, CEO da European Climate Foundation (ECF), compararam a participação de Al-Jaber e a organização dos Emirados Árabes Unidos na COP à histórica visita do ex-presidente norte-americano Richard Nixon à China comunista de Mao Tse-Tung nos anos 1970.“Os países lutaram em rodadas anteriores de negociação para reconhecer o papel dos combustíveis fósseis nas emissões e concordar em eliminá-los gradualmente. Mas os Emirados Árabes Unidos podem realizar um momento moderno de diplomacia energética ‘Nixon vai para a China’. Suas credenciais de produtor de petróleo a posicionam para unir o mundo em torno dessa afirmação fundamental do óbvio”, escreveram na Foreign Policy.

ClimaInfo, 4 de maio de 2023.

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