Total processa Greenpeace por relatório sobre emissões da indústria petroleira

Total Energies x Greenpeace
Pascal Rossignol/Reuters

A megapetroleira TotalEnergies entrou na justiça da França contra o escritório do Greenpeace no país sob a alegação de que um relatório acerca de suas emissões de gases de efeito estufa contém “informações falsas e enganosas”. A ação civil foi submetida no último dia 28 e visa a retirada da publicação do ar, sob a pena de multa de 2 mil euros por dia e uma indenização simbólica de 1 euro por danos.

A publicação em questão, desenvolvida em conjunto com a consultoria climática Factor-X, acusou a empresa de subestimar seu inventário de emissões de gases de efeito estufa relativo ao ano de 2019. De acordo com o documento, a Total teria ignorado a maior parte de suas emissões, incluindo em seu balanço apenas 455 milhões de toneladas de CO2 equivalentes de um total de cerca de 1,64 bilhão de toneladas.

Para os representantes da Total, a metodologia utilizada pelo relatório seria “duvidosa” e resultou em uma dupla contagem das emissões da empresa. Entretanto, para o Greenpeace, a ação é apenas mais uma tentativa da indústria de combustíveis fósseis de intimidar ativistas climáticos. “O objetivo é impedir que façamos nosso trabalho como denunciantes e denunciemos sua responsabilidade na crise climática”, disse a entidade em nota.

Uma primeira audiência está programada para o dia 7 de setembro no tribunal judicial de Paris para definir um calendário para a argumentação. De toda forma, a expectativa é de que o processo ainda demore alguns meses até que um juiz comece a se pronunciar sobre o mérito do caso.

AFP, Guardian e Reuters repercutiram a ação da petroleira Total contra o Greenpeace.

Em tempo: Um novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) fez um diagnóstico sobre a situação da indústria de combustíveis fósseis e o que ela precisa fazer para atingir a neutralidade líquida de suas emissões de gases de efeito estufa até meados do século. De acordo com a análise, considerando o total das emissões registradas no ano passado – 5,1 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes – as emissões por petróleo e gás vendidos precisam cair pela metade. E a demanda por eles precisa cair mais de 50%, resultando numa queda total de 60% das emissões do setor até 2030. O documento também faz uma estimativa do custo para que a indústria se adeque a esse objetivo: US$ 600 bilhões até 2030, uma fração dos lucros totais obtidos pelas empresas de combustíveis fósseis somente no ano passado.

ClimaInfo, 4 de maio de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.