Blecautes colocam em xeque plano para transição energética na África do Sul

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Ihsaan Haffejee / Anadolu Agency

Os planos da África do Sul para aliviar apagões que têm durado 10 horas por dia ou mais e garantir 2.000 megawatts de energia de usinas montadas em navios podem incluir a geração à base de óleo combustível pesado. É mais um capítulo da crise energética do país que, além de adiar seus planos de transição para fontes renováveis, vai jogar mais gases de efeito estufa na atmosfera.

No último dia de maio, o ministro sul-africano da eletricidade, Kgosientsho Ramokgopa, disse que sua pasta iniciaria um programa de emergência negociando acordos de compra de energia. Esses contratos seriam de apenas cinco anos, disse ele, sem dar detalhes, de acordo com a Bloomberg.

O governo da África do Sul espera que empresas privadas adicionem mais de 4.000 MW de capacidade à rede até o final de 2024, ao acelerar esforços para aumentar a participação do setor privado em energia. Segundo a Bloomberg, as medidas tentam compensar a deterioração das estatais sul-africanas.

As restrições do governo à estatal de energia Eskom estão dificultando um acordo com países ricos que envolve a substituição do carvão por fontes renováveis. Segundo Joanne Yawitch, funcionária do governo que faz parte das negociações, vários financiadores internacionais disseram ser possível financiar os planos de transição energética da Eskom. Mas o tesouro sul-africano disse à estatal que, em troca de ajuda para reduzir suas enormes dívidas, a empresa não tinha mais permissão para investir em nenhuma nova geração elétrica, explica o Climate Change News.

Em artigo no The Conversation, o professor David Richard Walwyn, da Universidade de Pretoria, aponta a expansão da energia solar e do armazenamento de energia em baterias em larga escala como o caminho para acabar com os blecautes que afetam o país.

“A combinação de energia solar e armazenamento torna a fonte solar mais cara do que o carvão – que ainda representa 80% da geração de eletricidade da África do Sul. Mas essa tecnologia é acessível em relação às opções que os consumidores já estão adotando em volumes significativos – geradores a diesel ou baterias de pequena escala acopladas a inversores – desde que seja em grande escala e seja usada apenas para picos de energia”, explica o especialista.

ClimaInfo, 7 de junho de 2023.

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