Gelo de verão no Ártico pode desaparecer na década de 2030, indica estudo

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Jonathan Nackstrand / AFP

Os alertas vêm sendo dados há tempos, mas agora parece tarde para salvar o gelo do Ártico no verão. Na melhor das hipóteses, a região começaria a experimentar meses de verão sem gelo marinho em meados do século. Contudo, segundo uma pesquisa publicada no Nature Communications, isso pode acontecer já na próxima década.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sugeriu em seu último relatório que o Ártico começaria a ver setembros sem gelo marinho por volta de 2050 se os humanos continuassem a emitir GEE em níveis altos ou moderados. Mas o novo estudo diz que isso acontecerá mesmo com baixas emissões. Com emissões mais altas, os “setembros sem gelo” já vão ocorrer de 2030 a 2040, explica a Bloomberg.

A pesquisa mostra que 90% do derretimento no Ártico é resultado do aquecimento global causado pelo homem, com fatores naturais respondendo pelo restante, segundo o Guardian. Desde que os registros de satélite começaram em 1979, o gelo da região no verão encolheu 13% em uma década, em um dos sinais mais claros da crise climática.

O gelo marinho do Ártico atinge seu mínimo anual no final do verão, em setembro. Em 2021 estava em sua segunda menor extensão já registrada. E agora tende a desaparecer de vez, e antes do que se previa.

“Ficamos surpresos ao descobrir que um Ártico sem gelo estará lá no verão, independentemente de nosso esforço para reduzir as emissões, o que não era esperado”, disse à CNN Seung-Ki Min, principal autor do estudo e professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pohang. na Coreia do Sul.

Obviamente, as consequências disso serão dramáticas. O Hemisfério Norte, em particular, deve se preparar para mais eventos climáticos extremos, mas os efeitos serão sentidos em todo o planeta.“O gelo marinho do Ártico é um componente importante do sistema climático. Como reduz drasticamente a quantidade de luz solar absorvida pelo oceano, prevê-se que a remoção desse gelo acelere ainda mais o aquecimento, por meio de um processo conhecido como feedback positivo. Isso, por sua vez, fará com que o manto de gelo da Groenlândia derreta mais rapidamente, o que já é um dos principais contribuintes para o aumento do nível do mar. A perda de gelo marinho no verão também significaria mudanças na circulação atmosférica e nas trilhas das tempestades, além de mudanças fundamentais na atividade biológica oceânica”, detalha Jonathan Bamber, professor de geografia física da Universidade de Bristol, em artigo no The Conversation.

ClimaInfo, 7 de junho de 2023.

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