Líderes globais se encontram em Paris para discutir financiamento climático. Agora vai?

líderes globais em Paris
Witt Jacques / ABACA

A “Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global” será promovida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, a partir de 5ª feira para, segundo ele, construir um “novo consenso” para atender às metas globais de combater a pobreza, reduzir as emissões e proteger o meio ambiente. Mas, após um desastrado encontro em Bonn para preparar a COP28 que piorou o conflito entre países ricos e pobres em torno do financiamento climático, a pergunta que não quer calar é: o que sairá?

O RFI já adianta que nenhuma decisão formal será tomada no encontro, que vai reunir cerca de 50 chefes de Estado e de governo. Seu objetivo é “impulsionar” reformas de mecanismos de empréstimo para que as nações mais pobres possam acessar financiamentos para atender às suas necessidades mais urgentes. Especialistas dizem que, como está, o sistema financeiro global impede respostas com a urgência e a escala necessárias.

Macron acredita que os sistemas atuais de financiamento do desenvolvimento, incluindo ajuda externa de países ricos e financiamento climático para ajudar os países pobres a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos do clima extremo, não estão dando resultados. O que não é novidade.

A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, desempenhará papel importante na reunião. Suas propostas, conhecidas como agenda Bridgetown, visam a expandir massivamente o financiamento disponível para os países em desenvolvimento, especialmente aqueles atingidos pela crise climática, explica o Guardian.

O fato é que, com a falta de confiança nas promessas de financiamento climático pelos países mais ricos – que quase nunca as cumpriram -, as nações em desenvolvimento buscam algo tangível, explica o France24. O V20, bloco dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas que já inclui 58 nações, disse que a reestruturação do sistema financeiro global para se alinhar com as metas climáticas deve ser concluída até 2030.

“É ótimo estarmos falando sobre a arquitetura financeira internacional, mas temos de ver os cronogramas e não vimos esses cronogramas. Se começarmos a fazer isso na década de 2030, será muito mais caro e as compensações serão muito mais acentuadas”, disse Sarah Jane Ahmed, líder global e consultora financeira do V20.

Consultor econômico de Mia Mottley, Avinash Persaud disse que o mundo deve repensar sua abordagem à crise climática investindo trilhões de dólares, em vez de bilhões, no mundo em desenvolvimento e indo além das ideias convencionais de ajuda externa, relata o Guardian.

“Precisamos repensar completamente todo o nexo de clima, dívida e desenvolvimento. O que estamos vendo hoje é novo – países afetados por desastres climáticos, isso está acontecendo agora. Os países estão se afogando”, afirmou.

Persaud pediu que se triplique o financiamento disponível do Banco Mundial e instituições similares, e um grande influxo de dinheiro do setor privado, impulsionado pelo uso cuidadoso de fundos públicos e regulamentação para remover as atuais barreiras ao investimento. “Esta é a maior oportunidade financeira do mundo”, explicou.

ClimaInfo, 20 de junho de 2023.

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