Anúncios em Paris animam, mas caminhos para financiamento climático seguem obstruídos

Paris financiamento climático
Lewis Joly / AFP

O balanço final da cúpula internacional sobre financiamento climático, realizada na semana passada em Paris, foi misto. Por um lado, instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciaram medidas que podem ajudar a destravar recursos financeiros para os países mais pobres afetados pela crise climática. Por outro, nada disso parece ter a dimensão necessária para fazer frente ao tamanho do problema.

A Bloomberg destacou cinco pontos principais do encontro na capital francesa. Primeiro, o anúncio do FMI de que conseguiu reservar US$ 100 bilhões para direitos especiais de saques aos países pobres afetados por eventos extremos, o que facilitará a liberação rápida de recursos quando necessário.

Outro ponto é a proposta do Banco Mundial de “pausar” pagamentos de empréstimos pelas nações em desenvolvimento prejudicadas por perdas e danos decorrentes da mudança climática, além de incluir um seguro climático sobre novos financiamentos.

No que diz respeito a “dinheiro novo” para o clima, destaca-se o anúncio de Macron, presidente da França, de que finalmente os países desenvolvidos cumprirão a meta de US$ 100 bilhões anuais para financiamento climático. Além disso, o governo francês também levantou outras possibilidades para diversificar o financiamento climático, como a criação de impostos sobre o transporte marítimo, aviação e transações financeiras.

Por fim, em paralelo, o encontro de Paris também resultou em acordos pontuais importantes, como a reestruturação de US$ 6,3 bilhões de dívida externa de Zâmbia para facilitar investimentos climáticos no país, e o acordo entre Banco Mundial e Senegal para investir US$ 2,7 bilhões em geração energética renovável.

Apesar dos resultados, a expectativa de novos entendimentos em torno da troca de dívida externa por recursos para financiamento climático não se cumpriu, o que gerou frustração entre ativistas e observadores. “É uma decepção. A cúpula não foi longe o suficiente para atender as pessoas que carregam o peso dos impactos climáticos”, disse Walter Mawere, da CARE International da Somália, ao Guardian.

Outro ponto de frustração é a proposta de taxação global do transporte marítimo, que será discutida no mês que vem no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO). Esperava-se que o encontro de Paris pavimentasse o caminho para um apoio mais expressivo dos países à proposta. No entanto, apesar de 23 países terem expressado apoio à ideia, de acordo com o governo francês, não houve qualquer declaração formal e nem mesmo uma relação de quais países são, de fato, favoráveis à iniciativa. Associated Press e Bloomberg deram mais informações. O Brasil, representado pela empresa privada Vale, e a Marinha foram contra, como sempre.

ClimaInfo, 26 de junho de 2023.

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