Em Paris, Lula cobra nações ricas por dívida ambiental histórica

Lula Power Our Planet
Ricardo Stuckert / PR

O presidente Lula cobrou mais empenho e cooperação dos países desenvolvidos na oferta de financiamento para ação climática nas nações mais pobres e vulneráveis. Para ele, “aqueles que fizeram a Revolução Industrial (…) têm que pagar a dívida histórica” decorrente de suas emissões de carbono.

“Não foi o povo africano que poluiu o mundo. Não foi o povo latino-americano que poluiu o mundo”, disse Lula durante discurso no evento Power Out Planet, realizado em paralelo à cúpula de líderes internacionais em Paris para rediscutir o financiamento climático, em Paris na última 5ª feira (22/6).

Na fala, realizada no Campo de Marte, aos pés da Torre Eiffel, Lula também prometeu que colocará em discussão na COP30, programada para acontecer em 2025 em Belém (PA), a responsabilização dos países ricos pelo financiamento climático, um dos nós mais cegos das negociações internacionais recentes.

“Iremos fazer a COP30 em um estado da Amazônia, para que todos vocês tenham a oportunidade de conhecer de perto o ecossistema da Amazônia, a riqueza da biodiversidade, a riqueza de nossos rios e que possam compartilhar com o povo brasileiro a preservação das nossas florestas – e responsabilizar os países ricos para financiar os países em desenvolvimento que têm reservas florestais”, disse Lula.

Já no encerramento da cúpula de Paris, Lula reiterou a cobrança aos países desenvolvidos e disse que a governança global atual não atende mais aos anseios da humanidade. “Se nós não mudarmos essas instituições, a questão climática vira uma brincadeira. Quem é que vai cumprir as decisões emanadas dos fóruns que fazemos? É o Estado Nacional? Vamos ser francos: quem é que cumpriu o Protocolo de Quioto? Quem é que cumpriu as decisões da COP15, em Copenhague? Quem é que cumpriu o Acordo de Paris. Ou seja, não se cumpre porque não tem uma governança mundial com força para decidir as coisas e a gente cumprir”.

Em conversa com jornalistas na capital francesa, Lula também apontou a relação entre a demanda por Justiça Climática com os esforços contra a desigualdade como um todo. “Coloquei a questão da luta contra a desigualdade junto com a do clima porque a desigualdade, hoje, é mais forte do que era há 30 anos. Hoje a desigualdade é múltipla. Você tem a desigualdade de renda, social, na saúde, de gênero, racial, na oportunidade. Ou seja, o mundo está mais cheio de desigualdade do que de igualdade”, destacou o presidente.

As afirmações de Lula tiveram ampla repercussão na imprensa, com manchetes em veículos como Estadão, Folha, g1, ((o)) eco, Reuters, UOL e Valor, entre outros.

ClimaInfo, 26 de junho de 2023.

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