De Paris a Dubai: o caminho acidentado do financiamento climático até a COP28

COP28 financiamento climático
Department for International Development/Flickr

A cúpula internacional sobre financiamento climático, realizada em Paris na semana passada, pode ter aberto ou consolidado, em maior ou menor grau, outras frentes no debate geral sobre financiamento climático. Entretanto, no que diz respeito ao tabuleiro diplomático da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), onde a questão é central, o rapapé na capital francesa não trouxe nenhuma grande novidade que possa destravar as negociações complexas em torno desse tópico.

“O que faltou em Paris foi a maioria dos líderes dos países do G7 e qualquer novo financiamento substancial ou cancelamento de dívidas para países pobres que sofrem desproporcionalmente com as mudanças climáticas”, observou o Financial Times, citando o quórum baixo de chefes de governo dos países desenvolvidos e os anúncios tímidos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O resultado aquém do esperado joga mais pressão sobre outras ocasiões globais programadas até a Conferência do Clima de Dubai (COP28), no final de novembro. Até lá, estão previstos o encontro de alto nível sobre ambição climática da ONU e a cúpula do G20 na Índia, em setembro, e as reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI na cidade marroquina de Marrakech, em outubro. Se os países não conseguirem aproveitar essas oportunidades, as chances da COP28 chegar a um acordo sobre financiamento climático serão diminutas.

“A cúpula da semana passada – realizada na mesma cidade que sediou o histórico Acordo de Paris – diagnosticou corretamente que a falta de financiamento climático é a maior ameaça à sobrevivência do nosso planeta. Que decepção, porém, ver tantos líderes mundiais reunidos para prometer tão pouco”, reclamou Teresa Anderson, da ActionAid International, em artigo publicado no Climate Home.

Para ela, só há um caminho para que o mundo consiga avançar efetivamente na luta contra a mudança do clima: a destinação de novos recursos, “dinheiro real”, e não novos empréstimos, aos países mais pobres. “É hora de governos poderosos desbloquearem dinheiro real em vez de simplesmente conceder mais empréstimos. A ação global sobre impostos é urgentemente necessária e pode ser transformadora.”

Em tempo: Anfitrião da COP28, o governo dos Emirados Árabes Unidos estão apostando em uma ofensiva diplomática para melhorar seu relacionamento com as pequenas nações insulares do Pacífico. Além de oferecer financiamento para projetos de energia renovável, o país árabe vem se aproximando desses atores internacionais para “esverdear” sua imagem antes da Conferência de Dubai. A AFP abordou esse assunto.

ClimaInfo, 30 de junho de 2023.

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