O mundo não precisa explorar mais petróleo – e quem diz isso é uma especialista do setor

demanda petróleo
Rystad Energy

“O setor upstream está trabalhando duro para reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos campos petrolíferos. No entanto, mesmo com essas medidas de mitigação e esforços governamentais, se o aquecimento global for limitado com sucesso a 1,6°C, apenas metade das reservas recuperáveis ​​do mundo seriam necessárias. Não é irracional concluir que políticas e avanços tecnológicos podem reduzir o consumo de petróleo e impulsionar a transição energética, aproximando-nos de um cenário de 1,6°C.”

A fala acima não é de um ambientalista. É de Jarand Rystad, CEO da Rystad Energy, uma das maiores consultorias globais da área de energia. A partir de novos números de reservas recuperáveis, a Rystad concluiu que, se de fato seguirmos com a tarefa de evitar que a crise climática se torne uma catástrofe sem volta e reduzirmos o consumo de combustíveis fósseis, vai sobrar petróleo. O que confirma uma máxima do setor de óleo e gás que diz que “se a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra, a Idade do Petróleo não vai acabar por falta de petróleo”.

No ano passado, as reservas recuperáveis de petróleo cresceram 52 bilhões de barris (ou 3,3%), no mundo, para 1,624 trilhão de barris, estima a Rystad Energy. Segundo a epbr, o mercado global adicionou 84 bilhões de barris no ano passado: 13 bilhões de barris vieram de novas descobertas, e outros 71 bilhões, da revisão dos volumes de campos em produção ou projetos já aprovados. Já o consumo foi de cerca de 30 bilhões de barris.

Do total de reservas recuperáveis – que podem ser extraídas com tecnologias já disponíveis –, a consultoria estima que menos de 1,3 trilhão de barris serão economicamente viáveis ​​antes de 2100 a um preço médio de US$ 50 o barril. Mas, em se cumprindo o limite de aumento de 1,5°C na temperatura mundial sobre os níveis pré-industriais estabelecido no Acordo de Paris, apenas metade do total de reservas recuperáveis será consumido.

Um dos principais impulsionadores da queda na demanda por petróleo é a expansão dos veículos elétricos. A Rystad prevê que as vendas continuarão acelerando e ultrapassarão 50% das vendas globais de automóveis até 2030, levando a um pico de demanda de petróleo de 105 milhões de barris por dia até 2026 – dois anos antes do projetado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

Entenderam, Petrobras e Ministério de Minas e Energia?

O fim da “idade do petróleo” projetado pela Rystad Energy foi repercutido por PetróleoHoje, Oil&Gas Journal e American Journal of Transportation.

Em tempo: Mais diesel a caminho: a Petrobras vai retomar a implantação do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, cujas obras foram interrompidas em 2015. “O início das operações do Trem 2 da RNEST é previsto para 2027, e, com essa implantação, a Petrobras contribuirá para expandir a capacidade de refino nacional, viabilizando o aumento da produção de derivados, principalmente diesel S10”, disse a empresa em comunicado noticiado por Valor, InfoMoney e Seu Dinheiro.

ClimaInfo, 30 de junho de 2023.

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