Falar em subinvestimento e escassez de petróleo no mundo é exagero, avaliam analistas

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Divulgação

Boa parte da indústria dos combustíveis fósseis bradava que a pandemia havia afetado negativamente os investimentos em exploração e produção de petróleo e gás fóssil. Isso seria uma ameaça à oferta, com risco de falta de produtos. Mas nada como os números para provar que tal argumento não passa de pressão para aumentar a oferta de hidrocarbonetos, apesar da necessidade de que isso seja interrompido o quanto antes para tentar reverter a crise climática.

Uma análise da consultoria Rystad Energy aponta que os alertas sobre o subinvestimento crônico na indústria de petróleo e riscos de escassez de oferta em curto prazo são exagerados, informa a epbr. Isso porque tais previsões ignoram os ganhos de eficiência na última década. Segundo a Rystad, embora os investimentos tenham caído, a indústria segue com indicadores saudáveis.

Ao todo, os investimentos globais em exploração e produção de petróleo e gás natural devem somar, este ano, US$ 580 bilhões. É um valor bem menor que o pico de US$ 887 bilhões registrado em 2014. O número de poços concluídos deve cair de 88 mil em 2014 para 59 mil em 2023.

Entretanto, de acordo com a consultoria, preços unitários mais baixos, ganhos de produtividade, além de estratégias de portfólio em evolução, aumentaram significativamente a eficiência da indústria de petróleo e gás fóssil. Em outras palavras: ela pode fazer o mesmo que antes, mas com custo muito menor.

“Ao contrário da opinião popular, o mundo está investindo quantias apropriadas de dinheiro na produção de combustíveis fósseis para satisfazer a demanda. A economia de custos significa que as operadoras podem produzir a mesma quantidade a um custo menor, e não prevemos uma crise de abastecimento de petróleo devido ao subinvestimento no horizonte imediato”, escreveu o chefe de pesquisa em exploração e produção da Rystad Energy, Espen Erlingsen.

Sempre bom repetir: a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra, e a Idade do Petróleo precisa acabar a despeito da oferta de petróleo.

A análise da Rystad foi noticiada também por Petronotícias, PetróleoHoje, Oil and Gas Journal, oilprice.com e American Journal of Transportation.

ClimaInfo, 7 de julho de 2023.

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