A irresponsabilidade do CEO da Shell ao atacar a redução da produção de energia fóssil

Shell CEO Wael Sawan
CEO SHELL Wael Sawan

As evidências científicas são claras: precisamos reduzir o quanto antes possível a queima de combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global em, no máximo, 1,5oC neste século e evitar mudanças climáticas ainda mais desastrosas.

Como é de se esperar, o presidente de uma das maiores petroleiras do planeta, a Shell, não é fã do que a ciência e o Acordo de Paris dizem. Mas sua fala mais recente ficará nos anais do absurdo climático: o executivo Wael Sawan classificou de “perigoso e irresponsável” os pedidos da comunidade científica, de ativistas climáticos e dos países e comunidades mais vulneráveis à crise climática para reduzir a produção de combustíveis fósseis porque, segundo ele, o mundo ainda “precisa desesperadamente de petróleo e gás”.

“O que seria perigoso e irresponsável é cortar a produção de petróleo e gás para que o custo de vida, como vimos no ano passado, comece a disparar novamente”, disse Sawan à BBC, ignorando completamente tudo o que a ciência vem reiterando nos últimos anos como necessário para evitar o pior das mudanças climáticas.

“Sejamos claros, empresas como a Shell estão alimentando tanto a crise climática quanto o aumento do custo de energia. Eles estão lucrando com a miséria das pessoas comuns enquanto destroem o planeta, e estão usando um argumento cínico para continuar nos prendendo aos voláteis mercados de combustíveis fósseis, que são a causa raiz da crise de energia”, respondeu Jamie Peters, da Friends of the Earth, ao Guardian. A Associated Press também destacou a reação de ativistas à fala grotesca do chefe da Shell.

Sawan reitera a conduta irresponsável da indústria dos combustíveis fósseis e seus argumentos surreais para seguir produzindo e queimando petróleo e gás como se não houvesse amanhã. O setor foi amplamente beneficiado pelos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia no mercado global de energia, obtendo lucros estratosféricos às custas dos consumidores ao redor do mundo e deixando de lado suas promessas de investir mais em fontes renováveis. Pelo contrário: as empresas petroleiras estão enterrando o dinheiro em novos projetos de combustíveis fósseis.

Em tempo: Enquanto a indústria fóssil se finge de morta, o presidente designado da COP28 (e CEO de uma petroleira dos Emirados Árabes), Sultan Al-Jaber, defendeu que os países produtores de combustíveis fósseis intensifiquem seus esforços para atingir a neutralidade líquida de suas emissões até meados deste século. Falando em reunião da OPEP em Viena (Áustria), Al-Jaber também pediu que os países definam uma meta net-zero para as emissões de metano até 2030. A notícia é da Associated Press e Reuters.

ClimaInfo, 7 de julho de 2023.

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