A alta dos preços do petróleo no mercado internacional no último trimestre injetou bilhões de dólares nos cofres das principais empresas de combustíveis fósseis do mundo. Nesta 3ª feira (2/8), a britânica BP anunciou um lucro de US$ 8,5 bilhões entre abril e junho passado, seu melhor resultado trimestral em 14 anos. Esse valor é superior ao previsto por analistas de mercado para o período (US$ 6,8 bi) e quase três vezes o valor obtido no 2º trimestre de 2021 (US$ 2,8 bilhões).
Na semana passada, outras empresas do Big Oil, como ExxonMobil, Chevron e Shell também reportaram lucros bilionários para o 2º trimestre do ano. Considerando os ganhos da BP, as quatro empresas acumularam cerca de US$ 60 bilhões. Aqui no Brasil, a Petrobras registrou um desempenho histórico, com lucro líquido de R$ 54,3 bilhões nesse mesmo período.
Tal como a Petrobras, as gigantes do mercado petrolífero também estão usando essa injeção bilionária de recursos para pagar dividendos aos seus acionistas. A BP confirmou que aumentará seus dividendos em 10% e que está caminhando para aumentar os dividendos anuais em cerca de 4% até 2025. A empresa disse também que comprará de volta outros US$ 3,5 bilhões em ações até os resultados do 3º trimestre, além de US$ 3,9 bilhões em recompras durante o 1o semestre deste ano.
Mesmo com o frenesi dos lucros atuais, a indústria fóssil não parece muito preocupada em aproveitar esses recursos para acelerar seus esforços de descarbonização. No Guardian, Jasper Jolly destacou uma fala de Alok Sharma, presidente da COP26, na qual ele compara o valor destinado pela BP para recompra de ações neste trimestre com o total planejado para investimentos em energia de baixo carbono este ano: US$ 2,5 bilhões. “Empresas como a BP devem definir seus planos de investimentos em renováveis trimestre a trimestre para que possamos ver se suas ações correspondem à sua retórica”, escreveu Sharma no Twitter. Bloomberg, CNBC, NY Times, Wall Street Journal e Washington Post repercutiram essa informação.
ClimaInfo, 3 de agosto de 2022.
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