Petroleiras sinalizam a presidenciáveis com bilhões em investimentos no Brasil ignorando transição energética

Big Oil presidenciáveis
Pixabay

A indústria de combustíveis fósseis no Brasil quer se aproximar dos candidatos à Presidência da República com um “canto de sereia” bilionário. O Globo destacou uma análise da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPETRO), que aponta para investimentos de mais de R$ 100 bilhões até 2025 na expansão da exploração de petróleo no país, com a geração potencial de cerca de meio milhão de postos de trabalho. O documento, que traz também ideias para aplicação desses recursos, será entregue aos presidenciáveis durante a campanha eleitoral.

O setor até faz uma sinalização para a necessidade de que a indústria nacional avance na transição energética para fontes renováveis. Mas, como em outros mercados mundo afora, o documento defende que o Brasil aposte na produção de gás como “combustível de transição”. A ABESPETRO também defende que o país impulsione a exploração de novas áreas além do pré-sal, como a margem equatorial – leia-se, tirar mais petróleo do chão, a despeito do que a ciência aponta como necessário para se conter a mudança climática.

“Em um cenário de rápida transição energética, com uma tendência de redução da demanda por combustíveis fósseis, em breve as condições econômicas e operacionais para a exploração dessas reservas podem se tornar desfavoráveis”, diz o documento. Em suma, vamos queimar tudo agora, porque depois a festa da energia fóssil estará acabada – junto com as chances de a humanidade evitar o pior da crise do clima.

Enquanto isso, o presidente da República segue obcecado com os preços dos combustíveis no Brasil. Mesmo com a redução recente, viabilizada por cortes de impostos e injeção de subsídios bilionários, o governo enxerga que os preços podem cair mais – o que, pela estratégia do presidente, ajudaria suas chances de reeleição em outubro. “Eu perturbo todo mundo, eu tiro print aqui do preço do [barril] Brent e mando para o ministro de minas e energia, mando para outras pessoas interessadas na questão energética no Brasil, mando o preço do dólar para mostrar ‘ó, estou de olho, você tem que tomar providência’”, disse ele em entrevista, citado pelo Valor. As orelhas do ministro Adolfo Sachsida e do presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, devem estar inchadas…

 

ClimaInfo, 3 de agosto de 2022.

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