Presidente da COP28 apresenta “mapa do caminho” para negociações climáticas

COP28 presidente
Benjamin Westhoff / EPA

“Honestidade brutal.” Esse é o compromisso do presidente designado da Conferência do Clima de Dubai (COP28), Sultan Al-Jaber, em comunicado divulgado nesta 5ª feira (13/7) às Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Para ele, o momento pede ações concretas e viáveis por parte dos governos e de setores econômicos diretamente envolvidos na questão climática, como a indústria dos combustíveis fósseis. 

“Devemos ser brutalmente honestos sobre as lacunas que precisam ser preenchidas, as causas profundas e como chegamos aqui hoje”, disse Al Jaber. Segundo o futuro chefe da COP, o global stocktake – processo sob o Acordo de Paris no qual as Partes e observadores da UNFCCC analisam o cumprimento das promessas climáticas feitas pelos países – mostrará que o mundo está distante do limite de 1,5oC de aquecimento global neste século.

Considerando essa situação, o presidente da COP propôs uma “correção de rumo” pautada por resultados ambiciosos e concretos em adaptação, mitigação, perdas e danos, financiamento, e meios de implementação, por uma resposta real imediata para impulsionar novos recursos nas diferentes frentes de ação, e por um chamado a todos os atores (públicos e privados) para intensificar seus esforços até o final desta década.

O texto descreve quatro mudanças paradigmáticas que devem ser perseguidas pelos países em Dubai: a aceleração da transição energética e dos cortes de emissões de carbono antes de 2030; a revitalização do financiamento climático, com o cumprimento da promessa dos US$ 100 bilhões anuais prometidos há mais de uma década pelos países ricos e uma nova meta de financiamento; a consideração da natureza, das pessoas e dos meios de subsistência na ação climática dos países; e a “maior inclusão possível” de atores nas conversas da COP28.

O tom de Al-Jaber, CEO de uma petroleira, surpreendeu por algumas sinalizações que se mantinham tímidas até agora. Uma delas, por exemplo, é a definição de um caminho para o fim gradual do consumo de combustíveis fósseis. Contudo, a proposta é ainda menos ambiciosa do que aquela defendida por ambientalistas, que querem um prazo para o fim efetivo dos fósseis.

Em entrevista ao Guardian, Al-Jaber se aprofundou nesta questão. “Reduzir gradualmente os combustíveis fósseis é inevitável e essencial – isso vai acontecer. O que estou tentando dizer é que você não pode desconectar o mundo do atual sistema de energia antes de construir o novo sistema de energia. É uma transição”, disse.Associated Press, Axios, BBC, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian e Reuters, entre outros, repercutiram a notícia.

ClimaInfo, 14 de julho de 2023.

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