Calor de um lado, chuva do outro: EUA confrontam os extremos da crise climática

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Altas temperaturas, chuvas torrenciais e até mesmo seca. A crise climática não dá trégua aos Estados Unidos. Mais de 100 milhões de pessoas no país – cerca de um terço da população do país – estavam sob alerta de calor extremo no fim de semana, com o sul, o sudoeste e partes do oeste estadunidenses sendo os mais castigados. No nordeste, as tempestades que atingiram Vermont deixaram um rastro de destruição, e a Nova Inglaterra, já encharcada, deve receber mais chuvas. Enquanto isso, os rios Mississipi e Ohio sofrem com a estiagem, o que ameaça a navegação.

A previsão era que a onda de calor brutal atingisse seu pico nos estados do sul e do oeste, causando um clima perigosamente quente da Flórida ao Texas e ao Arizona, e da Califórnia ao estado de Washington, com as temperaturas mais extremas no sudoeste do deserto, de acordo com o Washington Post. A temperatura da maior parte do altamente populoso Central Valley da Califórnia estará bem acima de 43oC. Autoridades alertaram que as altíssimas temperaturas devem continuar nesta semana, informam Guardian e AP. No domingo (16/7), o Serviço Nacional de Meteorologia do país emitiu um aviso à população do sudoeste e do oeste estadunidenses para “levar o calor a sério e evitar o tempo ao ar livre”, destacando que o clima era “potencialmente mortal para qualquer pessoa sem refrigeração eficaz e/ou hidratação adequada”.

Em Phoenix, capital do Arizona e quinta cidade mais populosa dos EUA, os termômetros chegaram no sábado (15/7) ao 16º dia consecutivo acima dos 43oC, cenário extremo que não deve melhorar muito nos próximos dias ou anos, informa O Globo. Temperaturas recordes também eram esperadas no Vale da Morte, na vizinha Califórnia, mas, apesar disso, o fluxo turístico ao parque se manteve, segundo o Guardian.

Na Flórida, o aumento das temperaturas nas águas vem provocando um estresse extremo nos recifes de coral, causando seu branqueamento, informa a Reuters. “No ano passado foi deprimente, porque vimos muitas mudanças. Monitoramos pontos em Miami há cinco anos, e estamos começando a ver mudanças neles”, disse Michael Studivan, cientista do Programa de Monitoramento e Saúde de Corais da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês).

Já no nordeste estadunidense, a previsão era que partes da Nova Inglaterra e as áreas do Meio-Atlântico fossem atingidas por chuvas torrenciais, antes da aproximação de uma frente fria vinda do oeste. As áreas sob risco incluem grandes cidades como Nova York, Boston e Filadélfia, destaca a Reuters. Vermont, apesar de massacrada por tempestades nos últimos dias, conseguiu resistir às fortes chuvas, mas a preparação do estado após o furacão Irene de 2011 mostrou que ainda não é suficiente, aponta a Bloomberg.

Se de um lado dos EUA há chuvas extremas, de outro a aflição é com a seca. Os níveis de água nos rios Mississippi e Ohio estão caindo pelo segundo ano consecutivo, aumentando a perspectiva de problemas de navegação ao longo das importantes rotas de carga do país. De acordo com a Bloomberg, a seca generalizada em todo o meio-oeste e as chuvas abaixo do normal em partes do leste estão por trás da queda dos níveis dos rios.

Apesar de todo esse cenário, há quem negue a crise climática. Pior: quem aponta que as mudanças do clima são causadas pelas ações do homem ainda corre risco de morte. É o caso do meteorologista Chris Gloninger, da CBS. Contratado pela estação há dois anos para ajudar a incorporar a realidade do aquecimento global em suas previsões, Gloninger provocou revolta em alguns telespectadores, que reclamaram que ele deveria “se apegar ao clima”. Em julho passado, começou a receber e-mails que incluíam ameaças contra sua vida, informa o Guardian.

Mais matérias sobre os extremos climáticos nos EUA foram publicadas por Guardian, Reuters e BBC.

ClimaInfo, 17 de julho de 2023.

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