Parte do Congresso é negacionista com o meio ambiente, avalia Marina Silva

Marina Silva negacionismo
Felipe Werneck / MMA

O esvaziamento imposto pelo Congresso Nacional ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima indica que uma parcela de parlamentares persiste no “negacionismo” às questões ambientais, disse a ministra Marina Silva em entrevista ao jornal O Globo. Ela reconheceu que a pasta não teve força política para reverter as mudanças, mas que segue trabalhando para retomar a política ambiental brasileira, a despeito dos contratempos.

“Há uma parte negacionista [no Congresso], que acha que não tem problema de mudança climática e de desmatamento. Mas existe uma outra parte que acha que o ministério tem uma agenda de fomento. É uma agenda de preservação e de uso sustentável”, disse Marina. “Tenho relação com o Congresso 24 horas por dia”.

Sobre a Autoridade Climática, promessa do presidente Lula durante a campanha eleitoral que ainda não saiu do papel, Marina afirmou que existe “uma resistência para criar novas estruturas” e que o desenho dela está pronto, com o governo avançando “naquilo que não depende de aprovação por lei ou de Medida Provisória”.

Já em relação à polêmica do projeto da Petrobras na foz do rio Amazonas, Marina minimizou a divisão dentro do governo e reiterou o caráter técnico da análise do IBAMA. “É uma região com alta sensibilidade, e os posicionamentos ocorrem nos autos. Os técnicos fizeram uma avaliação criteriosa. Aqui nós cumprimos a lei, nem facilitamos nem dificultamos. O IBAMA já deu mais de 2 mil licenças só para a Petrobras”.Em conversa com a IstoÉ, a ministra também abordou a resistência do agronegócio às políticas de proteção ambiental e combate ao desmatamento. “O mundo fechará as portas para produtos carbono intensivos. Aqueles que têm pensamentos estratégicos, muitos por compromisso ético, sabem que precisamos fazer o dever de casa. Existem aqueles que são negacionistas, não olham para o que acontece no mundo e para o que a ciência diz. Os que olham farão a transição. Os negacionistas pagarão um preço muito alto”.

ClimaInfo, 17 de julho de 2023.

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