Decisão sobre mineração em alto-mar fica para o próximo ano

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Marten van Dijl / Greenpeace

Com a falta de acordo na reunião da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), da ONU, em Kingston, na Jamaica, os planos para mineração no fundo do mar foram adiados para 2024, pelo menos. O Conselho da ISA descartou qualquer permissão imediata para o início da atividade.

Os defensores da mineração em alto-mar apelam para a transição energética para justificar o início imediato da atividade. Segundo eles, a exploração de metais no fundo do mar será menos prejudicial ao meio ambiente do que em terra. Mas, como destaca a Reuters, críticos apontam que não há pesquisas suficientes sobre a indústria e seu impacto na vida selvagem, e que o custo da remediação pode anular qualquer vantagem obtida com a obtenção dos metais.

Especialista em oceanos do Worldwide Fund for Nature, Jessica Battle avalia que “não há sinal verde” para a atividade prosseguir. “O que parece claro é que a maioria dos estados se sente muito desconfortável com a concessão de uma licença antes que os regulamentos estejam em vigor, pesquisas científicas sejam feitas e a proteção efetiva do ambiente marinho seja garantida.”

O esforço para adiar o início da mineração em alto-mar foi liderado por países como Costa Rica, Chile e França – e também recebeu apoio do Brasil, que defendeu uma moratória de 10 anos. As três nações exortaram outros países membros do conselho administrativo da ISA a concordar que nenhuma permissão autorizando a mineração em águas internacionais deve ser concedida até que os regulamentos sejam finalizados, informa o New York Times. Isso não deve acontecer até 2025, no mínimo, concordou o órgão.

Wendy Schmidt e Kristina Gjerde, do Schmidt Ocean Institute, chamam atenção para o fato de que já sabemos de cor os danos da mineração em terra. No fundo do mar, porém, os efeitos podem ser ainda mais devastadores.“A mineração em águas profundas pode parecer uma preocupação distante. Mas considere o processo: as mineradoras enviam veículos robóticos gigantescos, equipados com rodas pontiagudas e poderosos tubos de sucção, a milhares de metros de profundidade. Depois que os minerais são extraídos, o maquinário despeja águas residuais, sedimentos e todas as outras saídas perturbadoras do processo de mineração de volta à água, danificando os habitats do fundo do mar e a vida dentro deles. Do fundo do mar e das descargas de navios, as plumas se espalham e poluem a coluna d’água cobrindo áreas ainda maiores, sufocando e colocando em risco a vida oceânica”, detalham, em artigo no Guardian.

ClimaInfo, 26 de julho de 2023.

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