A indústria do petróleo não se cansa de “chorar” por falta de dinheiro (???) – mesmo sendo um dos setores mais subsidiados por governos em todo o mundo – e de projetar cenários catastróficos de falta de combustíveis fósseis – o que seria um favor para o planeta, basta ver a nota que abre esta própria newsletter. Mas especialistas apontam que esse choro está mais para “lágrima de crocodilo”.
A consultoria Wood Mackenzie, uma das mais respeitadas em petróleo e gás fóssil do mundo, mostrou em relatório recente que o atual investimento anual global de cerca de US$ 500 bilhões em exploração e produção seria suficiente para atender ao pico da demanda de petróleo em 2030. O que desmente a crença generalizada de subinvestimento no setor, destaca a Reuters.
As despesas correntes podem fornecer a oferta necessária para atender aos picos de demanda por três razões principais: “o desenvolvimento de recursos petrolíferos gigantes de baixo custo; disciplina implacável de capital; e uma melhoria transformacional na eficiência do investimento”, diz o estudo.
Segundo a Wood Mackenzie, o crescimento da demanda por combustíveis fósseis deve desacelerar progressivamente após 2024 em relação à atual taxa, de mais de 2 milhões de barris por dia anuais, à medida que a recuperação pós-pandêmica desaparece. Assim, a demanda de petróleo deve atingir o pico de 108 milhões de barris por dia (bpd) no início da década de 2030, antes de iniciar seu declínio de longo prazo, com eficiência de combustível, veículos elétricos e a substituição por gás fóssil eventualmente assumindo o controle.
No final de junho, outra consultoria do setor, a Rystad Energy, havia apontado que temos petróleo de sobra já descoberto e recuperável [produzível], se seguirmos com a tarefa de reduzir o consumo de combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global a 1,5oC sobre os níveis pré-industriais. Dos 1,624 trilhão de barris disponíveis, apenas metade seria consumido, projeta a Rystad.
BN Americas, Energy Portal e Oilfield Technology também repercutiram a avaliação da Wood Mackenzie.
ClimaInfo, 26 de julho de 2023.
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