Mineração, mudanças climáticas e o círculo vicioso de destruição amazônica

destruição Amazônia
Midia NINJA / Creative Commons

A mineração pode causar a extinção de espécies raras e até desconhecidas pela ciência em regiões da Amazônia brasileira. Isso porque entre as áreas-alvo da atividade minerária na Amazônia estão regiões das mais ricas em espécies de plantas frutíferas (angiospermas), que também possuem maior endemismo [ocorrem exclusivamente em uma região], além de artrópodes, como insetos e aracnídeos.

Essas são as conclusões de um estudo realizado por pesquisadores da UFMG, em parceria com a Universidade de Queensland, na Austrália, publicado na revista Diversity and Distributions. A pesquisa pretende avaliar os riscos potenciais da mineração para a biodiversidade, informa o g1.

O levantamento aponta que em áreas com mineração houve uma redução significativa na diversidade biológica, em relação a áreas onde não há atividade, conclusão destacada pela CNN. Além disso, foi verificada uma limitação da variabilidade genética entre indivíduos de uma mesma espécie e uma redução no número de espécies exclusivas [endêmicas] daquelas localidades.

“O principal risco é que a exploração está sendo feita em uma região pouco conhecida. Em vastas áreas da Amazônia, o conhecimento é limitado. A gente está perdendo espécies que a ciência nem conhece, que não foram identificadas e mapeadas”, afirma o pesquisador Britaldo Silveira Soares Filho, da UFMG.

Recentemente, pesquisadores da ESALQ/USP apontaram que a atividade minerária legal no Brasil poderá liberar nada menos que 2,55 gigatoneladas de CO2 na atmosfera nas próximas décadas, se os projetos forem adiante. Ou seja, além dos estragos na biodiversidade da Amazônia e em outras regiões do país, a mineração ainda contribui sensivelmente para o aquecimento global e, por consequência, para as mudanças climáticas, que também afetam a floresta.

Pesquisadores da UFPA, da UFRA e do Museu Paraense Emílio Goeldi usaram modelos numéricos em estudo para avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre Unidades de Conservação e Terras Indígenas dos nove países pan-amazônicos até 2050. E verificaram que muitos microclimas amazônicos tendem a desaparecer. Como as plantas e os animais da região vivem no limite, qualquer alteração climática pode ter grandes efeitos, detalha o Um só planeta.

Na natureza, as espécies lentamente migram à medida que mudam as condições climáticas às quais estão adaptadas. Se o clima muda depressa demais, a maioria não acompanha e desaparece. Estima-se que a velocidade média de migração de diversos grupos de plantas seja de 2 km/ano. Mas na Amazônia, mostram os pesquisadores, as espécies necessitariam migrar a 7,6 km/ano até 2050 para acompanhar a velocidade das mudanças no clima.

ClimaInfo, 26 de julho de 2023.

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