Clima extremo: Irã declara feriado nacional por forte calor

Irã calor extremo
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País acostumado ao calor, o Irã precisou apelar a medidas extraordinárias para conter os impactos de uma onda de calor que atinge parte do país.

Na última 3ª feira (1/8), as autoridades de Teerã decretaram feriado nacional de dois dias, de forma a limitar a exposição das pessoas ao ar livre. Escritórios governamentais e de empresas, além de bancos e outras instituições financeiras, ficarão fechados até hoje (3/8), pelo menos.

“Dado o calor sem precedentes nos próximos dias e para proteger a saúde pública, o gabinete concordou com a recomendação do Ministério da Saúde de uma paralisação nacional na quarta e quinta-feira”, disse Ali Bahadori Jahromi, porta-voz do governo, em um post no Twitter.

A situação é mais grave no sul do Irã, onde a temperatura máxima atingiu 50oC no começo da semana. Em todo o país, a máxima média ficou acima dos 40oC nos últimos dias. A recomendação oficial é de que as pessoas evitem se expor ao sol e não saiam de casa entre 10h e 16h.

A preocupação com o calor vem desde o começo do verão no Hemisfério Norte. Em junho, o governo iraniano mudou o horário de trabalho para os funcionários públicos, antecipando sua jornada a fim de economizar eletricidade no horário de pico. Nesta semana, de acordo com NY Times, a demanda excessiva de energia resultou no desligamento de duas usinas, gerando cortes de energia em algumas cidades iranianas.

Para piorar, o país atravessa uma crise hídrica há anos, o que reduziu os estoques e o fornecimento de água e intensificou a irritação da população com o governo iraniano. Isso contribuiu para os protestos contra o regime teocrático de Teerã dos últimos meses. 

A decretação de um feriado nacional em decorrência do calor extremo é uma novidade, mas que pode virar rotineiro no futuro, ao estilo do que se viu nas quarentenas feitas durante a pandemia de COVID-19. “Embora seja incomum impor um feriado nacional para proteger as pessoas, infelizmente não é mais incomum que ondas de calor causem grandes perturbações e aumento de mortes entre aqueles mais vulneráveis”, disse Pete Baker, do Center for Global Development, à Bloomberg.

A notícia foi abordada por diversos veículos, com destaque para AFP, Associated Press, Bloomberg, CNBC, Deutsche Welle e Reuters.

Em tempo: Já no Egito, o forte calor deste verão está deixando as pessoas sem energia elétrica nos piores momentos do dia. Mesmo com as temperaturas médias na casa dos 37oC, os egípcios estão sendo forçados a aguentar o calor sem ar-condicionado. Segundo a Bloomberg, as autoridades do país culpam a pressão sem precedentes na rede e a escassez imprevista de combustível para gerar eletricidade para os mais de 104 milhões de pessoas do país. Para piorar, o governo está com caixa zerado, o que dificulta respostas mais estruturais que possam resolver o problema.

ClimaInfo, 3 de agosto de 2023.

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