Mesmo com pressão de indígenas e ambientalistas, Cúpula não abordará fim de petróleo na Amazônia

7 de agosto de 2023
Cúpula da Amazônia pressão petróleo
PR

A demanda de indígenas e ambientalistas contra a produção de petróleo na Amazônia não deve ser abordada pelos líderes presentes na Cúpula da Amazônia nesta semana.

De acordo com a Folha, a declaração a ser assinada pelos presidentes e ministros da região não mencionará o termo “combustíveis fósseis”, pois os países amazônicos não chegaram a um entendimento sobre o tema. A Colômbia de Gustavo Petro é a principal defensora do veto a novos projetos de óleo e gás na Amazônia. Já o governo brasileiro, que ainda discute o projeto da Petrobras para exploração petrolífera na costa do Amapá, prefere manter aberta a possibilidade.

Como destacou a BBC Brasil, a posição brasileira na discussão sobre combustíveis fósseis na Amazônia contradiz seu próprio interesse em se colocar como protagonista na luta contra a mudança climática. Ao mesmo tempo em que destaca o combate ao desmatamento como objetivo fundamental de sua política externa para o clima, o Brasil insiste em produzir petróleo mesmo em áreas sensíveis na própria Amazônia.

Na CNN Brasil, Caio Junqueira classificou a discussão sobre petróleo na Amazônia como o “bode na sala” da Cúpula de Belém. “As negociações para a declaração final da Cúpula visam evitar abordar tópicos que o governo Lula prefere não discutir”, disse.

Enquanto o Palácio do Planalto segue reticente em discutir o assunto, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) não foge das perguntas e continua defendendo que o Brasil avance na transição energética para fontes renováveis.

“[A exploração da foz do Amazonas] não coloca [o governo em xeque], porque a humanidade ainda não tem como prescindir do uso das fontes de geração de energia fóssil. Agora, os países que podem reduzir ao máximo essa fonte de geração, como é o caso do Brasil, que pode ter uma matriz energética 100% limpa, devem fazer os investimentos”, afirmou à Folha.

Sobre o projeto da Petrobras no Amapá, Marina reiterou que a análise do IBAMA sobre um novo pedido de licenciamento será técnica, como aquela feita em maio, quando negou a liberação do empreendimento. “O IBAMA não dificulta, nem facilita, o IBAMA tem um parecer técnico que deve ser observado”, disse a ministra, citada por CartaCapital, CNN Brasil, O Liberal e Poder360.

A análise técnica do IBAMA, entretanto, segue sendo atacada pelos defensores da exploração petrolífera na Margem Equatorial. Em um dos painéis dos Diálogos Amazônicos, o senador Randolfe Rodrigues fez um verdadeiro malabarismo retórico: ao mesmo tempo em que celebrou o respeito à ciência pelo governo, depois do negacionismo oficial dos era Bolsonaro, o parlamentar voltou a criticar o parecer negativo do IBAMA ao projeto da Petrobras.

“A posição do governo é respeitar a ciência e a técnica, o tempo da desobediência à ciência e à técnica acabou no país. (…) Mas a Amazônia também são 25 milhões de humanos que aqui estão e para isso tem que se debater com eles as alternativas de geração de renda e emprego”, disse Randolfe. CartaCapital e ((o)) eco repercutiram essa fala.

Em tempo 1: Os Povos Indígenas da Amazônia pretendem reforçar sua oposição a projetos de combustíveis fósseis em seus territórios. Em entrevista à Agência Pública, Toya Manchineri, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), antecipou que a demanda será apresentada em uma declaração a ser entregue aos líderes dos países amazônicos na Cúpula. “A exploração de petróleo no território traz apenas doenças para a população, não fica nenhum recurso para a comunidade. Muito pelo contrário, o que fica para os Povos Indígenas, quando há derramamento de petróleo, são os rios e os peixes contaminados”, destacou. A declaração foi fechada ontem em reunião de Povos Amazônicos atingidos pela exploração de Petróleo realizada em Belém do Pará.

Em tempo 2: Ontem também ocorreu uma manifestação contrária à exploração do petróleo na Amazônia no espaço dos Diálogos da Amazônia.

ClimaInfo, 7 de agosto de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar