Garimpo ilegal despeja 150 toneladas de mercúrio por ano na Amazônia

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Reprodução vídeo g1

Estimativa indica a existência de 4.114 pontos de mineração ilegal em toda a Amazônia, que despejam mais de 150 toneladas de mercúrio por ano.

O garimpo ilegal deverá estar na mira dos líderes dos países amazônicos nesta semana na Cúpula de Belém e a declaração que está sendo negociada pelos países da região pode abordar o impacto da mineração irregular no bioma. De acordo com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), existem 4.114 pontos de garimpo em todo o bioma; no total, eles despejam mais de 150 toneladas de mercúrio por ano no solo e nos rios amazônicos.

A GloboNews antecipou os dados, que foram detalhados pelo Jornal Hoje, de uma nota técnica produzida pela WWF-Brasil e que baseou a análise da OTCA sobre o garimpo ilegal. De acordo com o documento, a contaminação por mercúrio é um problema crônico que afeta principalmente as comunidades ribeirinhas e indígenas da Amazônia. Tanto que a concentração média de mercúrio no organismo de populações ribeirinhas é de 15,44 partes por milhão (ppm), bem superior a 10 ppm, a quantidade máxima indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como segura para a saúde humana.

A contaminação por mercúrio é disseminada nas comunidades indígenas amazônicas. Em algumas aldeias no Peru, por exemplo, a concentração média de mercúrio nos organismos da população chegou a 27,5 ppm. Isso mostra que o problema do garimpo é mais amplo e exige uma ação concertada dos países da região.

“Se o ouro continuar saindo pela Venezuela ou saindo pelo Peru, como acontece hoje, e é muito fácil isso acontecer, não vai resolver o problema”, disse Raul Valle, do WWF-Brasil. “Não adianta nada o Brasil conseguir fazer uma restrição para a comercialização interna de mercúrio se a Bolívia e a Venezuela não resolverem isso”.

Ainda sobre os efeitos do garimpo ilegal, a Reuters destacou pesquisas recentes que mostram como a contaminação por mercúrio está ficando mais ampla e disseminada entre os animais amazônicos, especialmente os mamíferos. O panorama é parecido com o que se observa nas comunidades humanas: análises indicam uma concentração do metal pesado muito maior do que o normal nessas espécies. Mas, diferentemente dos seres humanos, ainda não há clareza sobre os efeitos desse mercúrio excessivo no organismo desses animais.

Em tempo: Agentes da Polícia Federal e das Forças Armadas detiveram cinco pessoas na região de Xitei, na Terra Indígena Yanomami (Roraima), por suspeita de envolvimento com o garimpo ilegal. O grupo foi preso no sábado (5/8) durante uma etapa da Operação Ágata Fronteira Norte. Os militares encontraram três armas de fogo, munição, sete gramas de ouro, recipientes de mercúrio e 800 kg de cassiterita. Em outra ação, a PF e a Polícia Militar de Roraima prendeu um dos suspeitos de disparar contra indígenas em abril passado na comunidade Uxiú, na Terra Yanomami. O indivíduo estava foragido desde junho. A Folha deu mais informações.

 

ClimaInfo, 8 de agosto de 2023.

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